Para vender a bicicleta

Influenciar comportamentos é ao mesmo tempo o maior desafio e ambição da publicidade. O exemplo húngaro é maravilhoso por mostrar a bicicleta para não ciclistas e sempre de maneira positiva.

Trata-se de buscar o caminho que os publicitários chamariam de “aspiracional”. Apesar da força da Massa Crítica na Hungria, o foco vai muito além de “nichos” ou de “tribos” de ciclistas. A idéia é mais bicicletas para mais pessoas mais vezes.

Simples, como a bicicleta.

Vídeos vistos primeiro no Copenhagenize.

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Fluxos e seus sentidos

Reza a lenda que durante as reformas na Avenida Central no Rio de Janeiro (atual Rio Branco), foi feita uma tentativa de ordenar o fluxo de pedestres. De um lado deveriam caminhar todos em direção a praça Mauá, do outro o rumo deveria ser a Cinelândia. Uma rápida visita ao centro do Rio hoje irá deixar claro que felizmente a idéia não vingou.

Ordenar o fluxo pertence a lógica da circulação de veículos motorizados. Na falta de trilhos, o ideal é mantê-los sempre no mesmo sentido para evitar colisões e maximizar a segurança e fluidez. Em outras palavras, mão e contra-mão é um conceito que se aplica aos deslocamentos de máquinas, não de pessoas.

O mesmo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que trata a bicicleta com veículo garante que uma via pode ser sinalizada para que a bicicleta vá no contrafluxo do trânsito motorizado.

Artigo 58:

Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicletas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde que dotado o trecho com ciclofaixa

Afinal, quem se move pela própria energia insere-se em uma lógica de deslocamento distinta das máquinas. Exatamente por conta dessa constatação, ao redor do mundo políticas de promoção aos deslocamentos em bicicleta tem garantido aos ciclistas maneiras seguras de seguir livremente. Como no vídeo abaixo:

Buscar reprimir os ciclistas “fora da lei” que pedalam na contramão é de certa forma o que buscou-se fazer na Rio Branco no começo do século XX. Ao facilitar os deslocamentos humanos (a pé ou de bicicleta), o planejamento urbano garante que a cidade seja das pessoas e que as máquinas sigam apenas sendo os facilitadores de deslocamentos, coadjuvantes da vida urbana.

O exemplo aplicado nas ruas da Europa mostra que o caminho natural para vias dentro dos bairros é o que já está previsto no CTB. Permitir o fluxo livre para as bicicletas e uma única mão de direção para os motorizados. Como o em Munique.
Bicicleta contramão Alemanha

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Livros a pedal

A bicicleta permite interações e novos usos para o espaço. Um exemplo que pode e deve ser difundido é o projeto Bicicloteca, uma iniciativa que distribui livros gratuitamente em um bairro da periferia de São Paulo. Idéia simples que muda as pessoas, um livro de cada vez.

E eu, no entanto, livro nas mãos
sentado no banco
viajo além do vai-vém
daqueles a quem o ponto é um pranto
que escorre porquanto o busão não vem

A pressa é um manto
cobrindo a visão dos homens
que de correr tanto
não vêem nem céu nem chão
Que dirá o livro em branco
que cada olhar manso têm
(…)

Leia o restante do poema.

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As pessoas mudam as cidades

As bicicletas não mudam as cidades, mudam as pessoas que vivem nas cidades. Isso é o que mostra um vídeo sobre “Bike Boulevard”, um termo em inglês para um conceito ainda sem tradução oficial em português.

Ruas dentro de um bairro formam uma rede com baixo fluxo de trânsito motorizado, em baixa velocidade. Além disso, a sinalização vertical e horizontal informa sobre a total prioridade as bicicletas e bloqueios nos cruzamentos e medidas de acalmia de tráfego impendem o uso da rota como caminho direto para os automóveis.

A falta de conhecimento técnico de como projetar esse tipo de via, tão importante para as cidades, serviu de motivação para a elaboração de um manual que aborda todos os conceitos por trás da elaboração de uma rede de vias cicláveis.

Muito se fala em ciclovias como forma de induzir e facilitar a bicicleta como modal de transporte urbano. No entanto, ruas cicláveis trazem benefícios para além da circulação viária, já que a diminuição do tráfego motorizado em ruas de bairro trazem benefícios inestimáveis a qualidade de vida das pessoas, valorizando até mesmo o patrimônio dos moradores.

Faça o download do Manual de Planejamento de Ruas Cicláveis. (em inglês). Saiba mais no site do departamento para a inovação em prol de pedestres e cicilistas da Universidade Estadual de Portland.

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Combustíveis e ladrões de bicicleta

O vídeo acima não é novo e mostra apenas quão prazeroso é ganhar uma inútil corrida do iogurte contra a gasolina. Feito pelos irmãos Neistat, os mesmos que demostraram quão fácil é roubar sua própria bicicleta com as mais variadas ferramentas.

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