Bicicletas para crianças: saúde, diversão e trânsito

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Após o lançamento da versão impressa já está disponível online o livro “Bicicletas para crianças: saúde, diversão e trânsito”.

Uma pequena fábula sobre o nascimento da Cidade abre a história que depois mergulha em aspectos técnicos e práticos. Desde a discussão sobre o direito das crianças à cidade, passando por uma reinvenção da educação viária chegando a uma mobilidade urbana na perspectiva da criança e o futuro urbano da infância.

Mas nem tudo são soluções e otimismo. A publicação também lança luz sobre a mortalidade do trânsito motorizado e como ele vitima as crianças além de abordar o sedentarismo infantil e seu vínculo com a epidemia global de obesidade.

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Apesar dos percalços, há esperança no que está por vir. Serão os mais jovens humanos que nos darão inspiração para modificar o presente, mas acima de tudo, através dos ensinamentos da infância reinventaremos o planeta urbano com mais humanidade.

Modificar estruturas rígidas requer maleabilidade, e a humildade de ser pequeno. Assim pode ser com nossas cidades, aparentemente tão rígidas e definitivas, mas aptas à transformação. Alguns dos passos sugeridos estão no livro, mas como nas receitas nele contidas, o importante é a diversidade e principalmente a sensibilidade de praticar valores humanos.

Saiba mais:

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Bicicletas para Crianças: Saúde, Educação e Trânsito

Outras publicações sobre mobibilidade e bicicletas para crianças no site.

Bicicletas para crianças, o livro

 

 

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Um livro para buscar faíscas para relembrar boas memórias e ajudar na formação dos alicerces das gerações futuras.

Será lançado no Rio de Janeiro de Janeiro e em São Paulo “Bicicletas para crianças – Saúde, Diversão e Trânsito”. De autoria de João Lacerda e com ilustrações de Milla Scramignon. A publicação é uma realização da Transporte Ativo com patrocínio do Itaú.

Dividido em 7 capítulos, “Bicicletas para crianças” busca ser inspiração para novas fábulas e também um manual prático de como promover a mobilidade humana dentro e fora do ambiente escolar.

Para construir cidades para as crianças

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No olhar de cada criança há sempre o impulso pela descoberta, uma coragem de desbravar o desconhecido e absorver tudo que é belo no mundo. Preservar a sabedoria inata da infância é dever dos adultos e existem várias formas de fazê-lo.

A experiência ao longo dos anos por vezes solidifica percepções e até mesmo inviabiliza transformações necessárias. Cada nova vida humana que chega ao mundo nos faz lembrar que nada está pronto.

Somos, e seremos sempre, capazes de inventar novas fábulas, descobrir soluções inéditas para velhos problemas, manipular o tempo e o espaço, escrever ensinamentos para o presente, desbravar os caminhos menos trilhados e acima de tudo, oferecer o nosso melhor para as futuras gerações honrando o que recebemos de nossos antepassados.

Entre o passado e o que está por vir, são as crianças que nos ensinam o valor de viver cada momento. A beleza está em juntar a pureza da infância com humildade e utilizar a sabedoria dos anos vividos para transformar para melhor as cidades ao nosso redor, dia após dia.

Serviço:

Rio de Janeiro
Data: Sexta, 11 de dezembro de 2015
Hora: 18:00h
Local: Bike Rio Café, rua do Senado, 176

São Paulo
Data: Sábado, dia 12 de dezembro de 2015
Hora: 15:00h
Local: Preto Café, rua Simão Álvares, 781

Como fazer cidades coletivas e divertidas

Produzir espaços urbanos de interação social é o objetivo de qualquer cidade que funcione em prol das pessoas. Mas o desafio ainda está por ser vencido.

Um exemplo de interação social mediada por dispositivos móveis é o aplicativo Swarm, iniciativa da empresa Foursquare para que as pessoas possam brincar e competir pela supremacia de estabelecimentos e marcos urbanos. O jogo se desenvolve com dois objetivos, um na escala entre amigos, outro na escala urbana tendo desconhecidos como adversários. Basicamente é preciso visitar lugares e pela pontuação dessas visitas, superar o ranking de pontuação dos amigos. A outra competição é pelo troféu da “prefeitura”, ou posse, de qualquer um dos lugares mapeados na cidade.

Todo o jogo, alimenta o banco de dados do desenvolvedor, que assim pode comercializar publicidade e serviços direcionados e qualificar a plataforma de curadoria de estabelecimentos Foursquare.

Jogos no contexto urbano

Utilizando o mesmo conceito do jogo via celular, é possível imaginar usos para além da simples diversão. Foi exatamente o que fez o artista Thomas Laureyssens na cidade de Gante na Bélgica.

Como projeto na Universidade de Gante, Thomas utiliza jogos,  intervenções lúdicas e ferramentas de participação para promover espaços urbanos de interação social. A novidade está em utilizar a diversão como balão de ensaio na construção coletiva de cidades.

Moradores de dois diferentes bairros competiram durante um mês para ver qual grupo fazia mais pontos durante uma semana.  A pontuação era sempre dada individualmente, mas o número de pontos em geral aumentava nas interações coletivas. A soma do total obtido pelos moradores do bairro dava o ranking geral.

Um vídeo no TEDxGhent explica a iniciativa:

Cidades colaborativas

Exemplo máximo de jogo de planejamento urbano, SimCity é basicamente a construção de cidades ditatoriais. O jogador é um tirano vitalício que concede benesses e modifica o espaço ao seu bel prazer. Os habitantes são apenas dificuldades algorítmicas, protestam quando determinadas condições pré-programadas pelos desenvolvedores dos jogos não são satisfeitas.

O modelo SimCity quando aplicado à realidade se transfigura quase à perfeição na cidade de Dubai, ou até mesmo no plano urbanístico de Lucio Costa para Brasília. A necessidade urbana atual envolve necessariamente democracia participativa, exatamente por isso o jogo precisa ser colaboração e trabalho coletivo.

Dos tabuleiros e telas para as ruas

Uma excelente comparação entre diversão e possibilidades tecnológicas para a construção de cidades sustentáveis é o Transport Tycoon, atualmente disponível para dispositivos móveis e em uma versão aberta e colaborativa chamada OpenTTD. O objetivo do jogo é operar uma empresa de logística levando insumos, bens e pessoas entre os destinos. Assim como na realidade, o transporte sobre trilhos e a cabotagem são as maneiras mais eficientes de levar alguma coisa de um ponto a outro.

Ferramentas de eficiência logística hoje estão disponíveis para que sejam possível organizar e otimizar frotas de transporte. Sejam centros de operação e controle (CCO) de trens metropolitanos, sejam ferramentas como o Apache Hadoop, capaz de armazenar uma enorme quantidade de dados georreferenciados para promover melhores serviços logísticos.

Tempo e espaço são, afinal, apenas dados. Seja na realidade dos pixels ou na concretude terrena.

Jogos e cidades, fronteira de possibilidades

A integração entre jogos, cidades e planejamento urbano é ainda um horizonte de possibilidades a ser desbravado. Mas o entendimento do ser humano como animal lúdico e competitivo, nos permite vislumbrar usos e possibilidades para interação e colaboração de maneiras cada vez mais adequadas para a cidade ideal das pessoas.

 

Sabia mais:

The Future of the City: Crowd-Sourcing & Gamification for City 2.0
The Mathematics of Gamification – Foursquare
Play social in the city – Thomas Laureyssens

De volta para o futuro de utopias

O futuro está sempre preso a nossa capacidade de imaginação e esta, reside firme no presente. Talvez a maior dificuldade da arte da ficção científica seja vislumbrar um por vir  menos centrado em avanços tecnológicos cercado de distopias.

A mensagem geral é de que a humanidade é um projeto biológico que falhou. Certamente falhamos, principalmente em nossa capacidade de sonhar com utopias. Mas sempre é tempo de desbravar caminhos.

Para imaginar o futuro de São Paulo

Um projeto quer desencavar rios, primeiro de maneira simbólica, para em seguida promover as modificações físicas necessárias. A cidade deve voltar a ser azul, da cor da água de seus mais 300 km de rios espalhados por mais de 4.000 km de extensão.

 

A premissa é simples, é preciso ver para cuidar. Mas antes mesmo de ver, é preciso imaginar e aí entram as utopias. Uma utopia com mais natureza, árvores urbanas, permacultura, criatividade, convivência, espaço público.

Felizmente pequenas ações já podem nos ajudar a definir caminhos e sonhar com paraísos terrenos. A promoção ao uso da bicicleta e o cicloativismo é um desses caminhos, as hortas urbanas e todo uma organização em torno do trabalho que não está centrado no dinheiro, mas na dedicação voluntária pela transformação do entorno. Ao mesmo tempo, até na Fernando de Noronha já está com bicicletas em seu território. Foi o arquipélago brasileiro que inspirou Thomas More a conceber sua ficção “Sobre o melhor estado de uma república e sobre a nova ilha Utopia”, conhecida simplesmente como Utopia.

Valores desastrosos, escolhas equivocadas e mau comportamento são características que podem levar sociedades ao colapso, histórias de fracassos e sucessos ao longo do tempo ajudam a rever o passado com uma noção clara da importância das encruzilhadas de escolhas com as quais nos deparamos diariamente.

Mobilizar a comunidade local para agir em uma praça, redecorar uma esquina ou redesenhar espaços públicos e parte fundamental para que os não-lugares de nosso presente quase distópico tornem-se no futuro a realização de sonhos.

Saiba mais:

Cidade Azul (ajude a financiar no Catarse)
City Repair Project: Portland Gems and Growing Pains
Começa o projeto Bike Noronha, a ilha tem bicicletas públicas com uso grátis

Livros:

Colapso – Jared Diamond
Nowtopia – Chris Carlsson

Quais sementes você planta?

Sem gente que a habite, toda urbe é apenas uma coleção de tijolos empilhados cercada de concreto e asfalto. A cidade pertence a cada um que nela viva e que por ela circule. Ainda que seja possível esquecer desse fato e atribuir ao mandatário da vez ou a outros que tenham poder a propriedade das aldeias densas que chamamos de casa.

Enxergar a cidade como solo vivo para as pessoas é certamente o caminho necessário para se apoderar do espaço ao redor. Ver a massa construída como território cru ainda por ser marcado é um dever que nos cabe.

Arte e agricultura urbana

A artista e muralista Mona Caron deu de presente a São Paulo sua semente, um broto que cresce forte às margens do minhocão. Com latas de tinta uma parede cega tornou-se terra fértil. O papel da arte sempre foi apontar caminhos e inspirar mais pessoas a percorrer jornadas em buscas das imagens que traduzam utopias.

A riqueza da pintura está em resumir visualmente pequenas perfurações já em curso na teia de concreto. O movimento global em prol da agricultura urbana tem sido essa força que traz o verde para dentro dos tons de cinza de nossas aldeias construídas. E cada planta que alimenta é um pequeno movimento em direção a reorganização urbana ao redor de prioridades urgentes, a água, a vida, toda a natureza que foi esquecida e subjugada ao longo dos anos em nome da limpeza hermética da modernidade.

As bandeiras certas para mudar as mentes e as cidades

Vários embates de forças estão em curso. O mais popular nos últimos dias foi entre os que acreditam que todo direito só é pleno quando é para todos e os que crentes em sua boa fé defendem suas visões de mundo com força quase fundamentalista. Na batalha jurídica norte-americana em defesa do casamento igualitário, venceu o entendimento de que era preciso dar garantias sólidas aos casais formados por pessoas do mesmo sexo. A Suprema Corte norte-americana definiu que as uniões civis tem de ser reconhecidas em todo o país e não apenas em alguns estados que aprovaram o casamento entre iguais. Um grande passo rumo a “união mais perfeita”, nas palavras do presidente Barack Obama.

Houve um tempo em que mulheres não tinham direito ao voto e o tom de pele definia pessoas como cidadãs de segunda classe. Os ativistas dos direitos LGBT são hoje o que já foram as sufragete e equivalem-se aos líderes do movimento negro que buscavam igualdade. Visões progressistas quando ganham força e massa crítica tornam-se consensos e seus detratores ficam esquecidos na longa caminhada histórica rumo a uma organização social da humanidade que seja melhor do que a anterior.

Os desafios atuais podem parecer grandes demais, mas o que foi construído por mãos e mentes humanas pode ser rescrito de acordo com o sabor e as pressões do nosso tempo. Sólido é tudo aquilo que é capaz de se desmanchar no ar. O século XX foi o ápice de muitas das forças destrutivas que ainda nos afligem, as cidades são o terreno de um embate que é acima de tudo de visões de mundo, de mentalidades. Pessoas em bicicleta e tantas outras lançam sementes para um futuro mais igualitário, humano e feliz.

Por mais pessoas em mais bicicletas, mais vezes. Pedalemos.

Saiba mais:

Muro cinza 1 X 0 Arte (e a arte de Mona Caron para a bicicletada Paulistana)
The President Speaks on the Supreme Court’s Decision on Marriage Equality
Last Week Tonight with John Oliver: Transgender Rights (HBO)