Retrato de um Brasil que pedala

Foto: Felipe Baenninger/ Projeto Transite

Foto: Felipe Baenninger/Projeto Transite

A interpretação dos dados  da pesquisa do perfil do ciclista brasileiro é trabalho árduo que ainda está sendo feito. Da junção da crueza dos números com um olhar atento afloram conclusões, tendências e principalmente caminhos traçados e rumos para o futuro.

Dez cidades em todas as regiões do Brasil compõe o retrato da média nacional, sendo que apenas Niterói não é uma capital. Além da maior cidade do interior fluminense, somam-se Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Tempo e frequência de uso da bicicleta

Num comparativo que exclui o Rio de Janeiro e São Paulo (já analisadas), destaque para a capital pernambucana,  que praticamente não teve ciclistas esporádicos, 89.6% das pessoas entrevistadas utiliza ao menos 5 vezes por semana a bicicleta.

De maneira geral o planejamento urbano para bicicletas foca no usuário que cumpre distâncias curtas de até 5 quilômetro, as que podem ser pedaladas em cerca de 20 minutos. Os dados nacionais mostram a preponderância desse tipo de uso Brasil afora.

tempoNo tempo de deslocamento, Recife e Niterói apresentam percentuais que se destacam da média nacional, o uso da bicicleta para deslocamentos entre 10 e 30 minutos é preponderante, são cerca de 64% das pessoas entrevistadas em ambas as cidades que pedalam nesse intervalo.

Chama atenção ainda, a inexistência de deslocamentos acima de 1 hora em Niterói e o baixo número no Recife (1,6%), face a média nacional de 4,8%. Salvador no entanto puxa o resultado geral para cima, com 8,6% que pedalam mais de 60 minutos em seus trajetos principais. Em geral um número de deslocamentos longos expressivo indica sobretudo deficiências no transporte público somado a grandes distâncias urbanas.

Bicicleta e integração intermodal

IntegracaoModal

Brasilia é a cidade da integração Bicicleta com o transporte público. São 51,7% das pessoas entrevistadas que combinam o pedal a algum outro meio de transporte. Já em Manaus 98,3% cumprem os trajetos pedalando de ponta a ponta e irrisórios 0,7% faz alguma integração. Em Niterói, os números são quase  o exato oposto de Brasília, 51,7% não integra a bicicleta a outros meios, enquanto 41,7% combinam o pedal com outro meio de transporte.

Integração bicicleta-trem em Brasília. Foto: Rodas da Paz

Integração bicicleta-trem em Brasília. Foto: Rodas da Paz

 

O nível de instrução do ciclista brasileiro

Em Manaus impressiona o número dos sem instrução: 10,6%. Já em Niterói o percentual de pessoas com ensino superior completo está próximo à média nacional de 23,4%, enquanto na cidade o total foi de 21,8%, chama a atenção no entanto os 16,1% com pós-graduação.

Em Porto Alegre 39,3% tem o ensino médio completo, número idêntico ao dos que cursaram o ensino superior.  Em Recife o percentual mais alto é de pessoas com formação fundamental, 41,8%, quase o dobro da média nacional de 22,8%, já os de que tem o ensino médio é bem próximo ao número geral levantado nas demais cidades, média geral de 42,5% enquanto a capital de Pernambuco o número é de 38,2%.

Perfil de renda do ciclista brasileiro

Quanto à faixa de renda, duas capitais nordestinas tem um perfil de renda bastante similar, com a maioria absoluta com rendimentos mensais de até 2 salários mínimos. Sendo 73,8% em Aracaju e 72,% no Recife. Salvador apresentou uma distribuição um pouco diversa, com 55,8% nessa faixa de renda, número similar a Manaus, 59,9%. A média nacional ficou nos 65,3%.

Brasília apresentou um recorte mais diverso, com as faixas de renda distribuídas de maneira mais diluída com destaque para os 16,6% dos sem renda, número que está de acordo com o grande número de jovens entre os 15-24 anos (38,1%), acima de todas as outras cidades incluídas na pesquisa e quase o dobro da média nacional (20,1%).

Um perfil de quem usa a bicicleta no Brasil

Confira o comparativo com os dados do perfil dos ciclistas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e do Brasil.

Faça o download das planilhas:

Dados preliminares do Perfil do Ciclista Brasileiro (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Aracaju (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Belo Horizonte (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Brasília (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Manaus (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Niterói (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Porto Alegre (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista do Recife (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Salvador (pdf)

A mais bela ciclovia e falsas polêmicas

Uma matéria publicada no Jornal “O Globo” gerou reações apaixonadas por quem gosta ou promove a bicicleta. O título já resume a questão:

manchete-oglobo-ciclovia-niemeyer

 

Surfando nos comentários, o humor imperou: “Dirige olhando pra frente! Se quiser olhar pro mar compra um barco“.

Uma das mais belas pistas construídas no Rio de Janeiro, a avenida Niemeyer sempre foi local inóspito para os pedestres e ciclistas. Sendo as maiores dificuldades sofridas por quem vai a pé, equilibrando-se na mureta entre o despenhadeiro e o trânsito motorizado.

A via compartilhada entre pedestres e ciclistas irá garantir o acesso à paisagem e principalmente a segurança e tranquilidade de todos que desejem ir do Leblon à São Conrado fazendo o uso da própria força.

Por conta da comoção em torno da inadequação da reportagem, ciclistas cariocas elaboraram uma carta ao jornal que até o momento ainda não foi acolhida ou publicada. Em resumo, os ciclistas devolveram nos anos 1990 a vista do mar através das ciclovias na orla da Zona Sul, antes bloqueadas por automóveis estacionados.

Agora alguns pequenos trechos entre o Leblon e a Barra terão bicicleta e seu azul como paisagem para os motoristas e passageiros por ventura presos em congestionamentos. Abaixo o texto, compartilhado inicialmente no facebook.

Carta-resposta à matéria “Ciclovia na Niemeyer e em São Conrado atrapalhará a visão do mar para quem estiver de carro”, publicada em 20 de setembro no jornal O Globo

Prezados editores e repórteres do jornal O Globo,

Fazemos parte de um grupo de pessoas que utiliza e promove a bicicleta como meio de transporte na cidade do Rio de Janeiro. Visitamos as obras da ciclovia da Av. Niemeyer em abril deste ano. O geólogo da Geo-Rio e fiscal da obra da ciclovia, Élcio Romão, que lamentavelmente não foi ouvido na matéria “Ciclovia na Niemeyer e em São Conrado atrapalhará a visão do mar para quem estiver de carro”, nos mostrou os desafios técnicos para execução do projeto que beneficiará, principalmente, os moradores do Vidigal e da Rocinha. É uma obra complexa que envolve diversos tipos de tecnologias, desapropriações de imóveis, tratamento de encosta e realocação de árvores e vegetação.

Em resposta à matéria publicada no dia 20 de setembro no jornal O Globo, seguem algumas considerações:

Já no título, o jornalista parte do ponto de vista do motorista do carro. Rapidamente passamos a perceber que as falas escolhidas como opiniões mais dizem contra do que a favor das ciclovias.

Vamos aos argumentos:

“No trecho em que a ciclovia está na altura da tubulação da Cedae, quem estiver de carro não verá o mar” – a fala é do arquiteto e urbanista Canagé Vilhena. Como o Presidente da Comissão de Segurança do Ciclismo do Rio, Raphael Pazos, bem afirmou, o motorista que usa a Niemeyer não pode se distrair observando a paisagem, ele deve estar concentrado na direção do veículo. O tempo de travessia de um automóvel a 40 km/h é de 1 minuto e 48 segundos. Devemos prescindir de infraestrutura e segurança para o pedestre e o ciclista para que o motorista veja o mar por menos de dois minutos? Além disso, crescemos num Rio de Janeiro de monstros, construções catastróficas como a Perimetral, que tornaram áreas densamente povoadas cuja arquitetura é um patrimônio da cidade, em desertos cinzas e violentos. Considerando a quantidade de viadutos e vias expressas da cidade, a construção da ciclovia da Niemeyer causará um impacto mínimo pra não dizer nulo na paisagem. Além disso, está prevista a construção de mirantes ao longo do trecho, possibilitando ao carioca novas formas de vislumbrar a cidade. Com certeza, a Niemeyer estará muito mais aberta às pessoas e atrairá muitos turistas.

“Com a mureta de proteção da ciclovia, será impossível ver o mar para quem estiver dentro de um automóvel”. Canagé complementa sua fala anterior citando uma possível mureta. No entanto, não existe mureta prevista no projeto e sim uma grade de proteção, como pode ser visto neste video: https://www.youtube.com/watch?v=cEKWK0s37z0
Ou seja, a ciclovia não irá atrapalhar a visão dos motoristas e sim os ciclistas que por ela passarão a circular. Vale lembrar que, em 1992, os ciclistas brindaram os motoristas com a vista exuberante da orla de Copacabana que, antes da ciclovia, era uma área tomada por carros estacionados.

“Se a ideia era construir uma ciclovia, a prefeitura poderia muito bem ter investido numa estrutura mais larga, pensando também nos pedestres”. Mais uma pessoa que demonstra desconhecer o projeto. A frase é da vice-presidente do IAB, Fabiana Izaga. A ciclovia da Niemeyer é uma ciclofaixa compartilhada, ou seja, o espaço será compartilhado entre ciclistas e pedestres, como a ciclovia da Lagoa. Na maior parte dos trechos, segue o tamanho padrão para ciclovias. Nos locais que vão de encontro a muros e fachadas das mansões à beira-mar, o trecho será mais estreito. É importante reforçar que, em ciclofaixas compartilhadas, a preferência é sempre do pedestre.

“Aparentemente faltou planejamento” – a frase é da presidente da Associação de Moradores do Leblon, Evelyn Rosenzweig. Gostaríamos de saber em que momento esta senhora se interessou em conhecer o projeto mais profundamente? Quando esteve na prefeitura ou mesmo no canteiro de obras para conhecer os detalhes? Será ela uma usuária da bicicleta, do automóvel ou do transporte público? Como é possível um jornal como O Globo publicar uma opinião que começa com “aparentemente”, palavra vazia que nos remete a uma especulação. Como ciclistas diretamente envolvidos com a implantação de ciclovias junto à prefeitura sabemos o tempo que demora para um projeto como este acontecer: são muitos anos entre o início do planejamento e a execução. Ou seja, se alguma coisa faltou não foi o planejamento.

Infelizmente, o jornal não cumpriu sua tarefa de informar bem os seus leitores. Nenhuma das fotos que ilustram a reportagem foi feita por profissionais do jornal, e a matéria dá a entender que o repórter nem esteve no local para ver o trecho que cita. Faltam apuração e informações essenciais para o entendimento da falsa denúncia. A matéria parece estar muito mais preocupada em surfar na falsa rivalidade entre motoristas e ciclistas do que realmente informar os cidadãos sobre seus direitos e propor um debate sério sobre o tema.

Por 99 anos (desde a inauguração da Avenida Niemeyer), pessoas em bicicletas ou a pé são muito mal recebidas no local. Pela agressividade costumeira do motorista carioca, circular pela Niemeyer é difícil, perigoso ou no mínimo desconfortável. Nesses 99 anos, O Globo nunca se deu ao trabalho de questionar a falta de acesso à “visão do mar” para quem não está de carro. O jornal é feito para quem? Nitidamente, não para o bem comum, não para a cidade do Rio de Janeiro.

Enviamos esta carta à redação do jornal O Globo e até o presente momento não tivemos retorno. Por favor, compartilhem.

Assinam esta carta: André Casati, Andréa Cals, Arlindo Pereira Jr., Bê Lima, Carlos Aranha, Carolina Queiroz, Crix Lustosa, Eduardo Bernhardt, Elcio Cardoso da Silva, Fabio Nazareth, Blé Binatti, Maysa Blay, Michelle Castilho, Michelle Chevrand, Paulo Nigro], Raphael Pazos Español, Renan Braga, Rosa Maria Mattos, Tati Carvalho, Tiago Moraes Leitman, Ze Lobo.

Pedalemos, na mais bela das ciclovias, onde será ainda mais fácil e tranquilo ultrapassar mais de 100 carros em 5 minutos.

Um perfil de quem usa a bicicleta no Brasil

Estão disponíveis os primeiros dados da pesquisa “Perfil do Ciclista” que irá traçar um panorama de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte no Brasil. Ainda preliminares, os dados já dão um grande panorama sobre quem já pedala e nos ajuda com pistas para que mais pessoas escolham pedalar.

A maioria dos ciclistas brasileiros entrevistados tem entre 25-34 anos, concluiu o ensino médio, recebe até 2 salários mínimos, pedala até 30 minutos no seu deslocamento principal, não se envolveu em incidentes de trânsito recentemente e, principalmente, gosta de pedalar. A  bicicleta é o principal meio de deslocamento das pessoas ouvidas que pedalam no mínimo 5 dias por semana de porta a porta, sem integrar com qualquer outro meio de transporte.

– Confira os resultados preliminares da pesquisa nacional do perfil do ciclista 2015.

Rio de Janeiro, cidade que ama pedalar

Dos dados preliminares do Rio de Janeiro, o que salta aos olhos é a frequência com que as pessoas entrevistadas pedalam. Cerca de 81,2%  utiliza a bicicleta no mínimo 5 vezes por semana. Desse total 37,20%  pedala de domingo à domingo, 27% utiliza 5 vezes por semana e 17% pedala 6 dias por semana.

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As pessoas que usam a bicicleta no Rio são em sua maioria jovens entre 25-34 anos (27,7%). Já 21,9%  tem entre 35-44 anos e 19,4% 15 a 24 anos.

Em relação à renda 59,8% recebe até 3 salários mínimos. Sendo 30,7% entre 1 e 2 S.M., 16,2% de 2 a 3 S.M. e 12,9% até um salário.

A integração modal é mais representativa do que na média nacional, com 34,5% das pessoas utilizando a bicicleta somada a outro meio de transporte.

Na variável tempo, 83,6% utiliza a bicicleta para deslocamentos de até 30 minutos. Sendo 56,6% mais de 10 e menos de 30 min. e 27% pedala no máximo 10 min. em sua viagem mais frequente.

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São Paulo vive revolução cicloviária que precisa alcançar a periferia

Um olhar específico sobre as cidades mostra a diversidade local e também algumas consistências em relação aos dados nacionais. Nos dados preliminares de São Paulo, chama a atenção o desejo por mais infraestrutura e como o aumento da malha cicloviária impulsionou o uso da bicicleta. O levantamento conduzido pela Ciclocidade já nos traz reflexões que estão além dos números.

Como forma de melhorar seus deslocamentos diários, 50% dos entrevistados sugerem a implantação de mais vias exclusivas para ciclistas na cidade. Já dos entrevistados que disseram nunca usar ciclovias em suas viagens, 80% estão na periferia.

Sobre quando a bicicleta começou a ser usada como meio de transporte, dois extremos se destacam entre as respostas: 29% dos entrevistados pedalam há mais de 5 anos, enquanto 19% há menos de 6 meses. O alto número de “novatos” pode se dever à influência da expansão da malha cicloviária na cidade – nas áreas central e intermediária, praticamente 40% dos ciclistas começou a pedalar há menos de um ano.

Com relação à renda, quase 40% dos ciclistas da capital paulista ganham entre 0 (sem renda) e 2 salários mínimos (R$ 1.576).

Com relação a faixa etária, também quase 40% dos ciclistas têm entre 25 e 34 anos. Ciclistas entre 35 a 44 anos compõem a segunda faixa etária mais presente, com cerca de 27%.

Mais de 70% dos ciclistas afirmam usar a bicicleta pelo menos 5 vezes por semana, indicando que a bicicleta é, de fato, o principal meio de transporte para muitos paulistanos. Este resultado se repete entre homens e mulheres.
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O tempo dos deslocamentos em São Paulo mostram a distribuição espacial da cidade das longas distâncias. Ainda que 54,2% pedalem entre 10 e 30 minutos, 29,2 % pedala entre 30 min e uma hora. A longa distância entre os locais de moradia e os de emprego e estudo é certamente o maior drama paulistano, mais um que a bicicleta ajuda a contornar.

SP-preliminares-tempo

Em breve iremos publicar também os dados preliminares das outras cidades.

Faça o download das planilhas:

Saiba mais:

Quem são os ciclistas brasileiros
Quase 75% dos ciclistas de São Paulo pedalam em área sem ciclovia
Maioria dos ciclistas do Rio são de baixa renda

A importância das brincadeiras de rua

Ilustração: Nicolas Viot - no livro "O Passeio da Fleur"

Ilustração: Nicolas Viot – no livro “O Passeio da Fleur” – disponível em nossa bicicloteca infantil.

Muitos adultos tem lembranças afetivas de sair para brincar nas calçadas e nas rua durante a infância. O calçamento pouco importava, podia ser asfalto, pedras ou terra. Para as crianças atualmente a história é bastante diferente, mas não precisa ser.

Com um pouco de planejamento e imaginação, “brincar na rua” pode ser uma parte importante da vida de nossos filhos também.

Pesquisas na Inglaterra atestam que 90% dos adultos brincavam regularmente em suas ruas na infância. A maioria das crianças hoje gostaria de fazer o mesmo, mas um terço da população inglesa entre 7-14 anos não brinca ou nem ao menos frequenta sua rua.

Brincadeiras de rua são um degrau fundamental para crianças e adultos responsáveis na jornada do brincar supervisionado da primeira infância para a vida independente dos adolescentes.

A ONG inglesa “Playing Out”, que ajuda moradores a organizarem suas oficinas comunitárias, elaborou uma lista de benefícios das brincadeiras de rua:

  • é semi-supervisionado – as crianças podem brincar enquanto os adultos se dedicam as atividades domésticas;
  • encoraja o brincar livre – as crianças seguem suas próprias idéias e interesses;
  • é fácil de organizar e na porta de casa – crianças gostam de brincar perto de cada e não é necessário levá-las a lugar nenhum;
  • provê espaço para grandes e enérgicas brincadeiras – a maioria das praças é pequena demais para pedalar uma bicicleta ou andar de patinete e muitas crianças não tem acesso a um parque de maneira independente;
  • desenvolve um maior espírito comunitário onde vizinhos zelam uns pelos outros;
  • as crianças encontram e fazem amizade com crianças de outras escolas e faixas etárias.

Por onde começar

No começo, você pode querer ficar por perto enquanto seus filhos brincam. É possível se dedicar ao jardim, para os que moram em casa, ou  conversar com vizinhos. Busque envolver-se o mínimo possível na brincadeira dos pequenos – deixe que eles decidam o que fazer e como fazê-lo.

Convide crianças vizinhas e seus responsáveis para se juntarem à brincadeira quando sentir segurança para isso e deixe-as brincar na calçada enquanto você está em casa. É importante estabelecer barreiras sobre onde elas podem e não podem ir e lembrá-las de ficarem atentas ao trânsito motorizado. Deixe a porta entreaberta para poder ouvir as crianças e conferir de vez em quando o andamento da brincadeira.

Idéias de brincadeiras de rua

As crianças muito provavelmente irão preferir inventar seus próprios jogos de rua, ou tentar algumas das idéias abaixo:

  • rodas – crianças adoram a oportunidade de usar suas bicicletas, patins e patinetes na rua;
  • giz – crianças inventam são capazes de fazer lindos desenhos no asfalto que embelezam a rua;
  • bolas – um jogo de queimada, ou até uma partida de futebol são excelentes possibilidades;
  • jogos de rua tradicionais – brincadeira velha é brincadeira boa – as crianças irão amar conhecer as brincadeiras que seus pais e avós brincavam.

Quem precisa lembrar ou ter novas idéias de brincadeiras tradicionais, vale conferir algumas mapeadas pelo projeto Território do Brincar.

Uma opção interessante é organizar “sessões de brincadeira de rua”, abrindo as ruas para as crianças e limitando o trânsito motorizado por algumas horas no contraturno escolar. Dessa maneira as crianças podem brincar na pista e também nas calçadas.

Moradores podem ter acesso com seus automóveis e até mesmo deixá-los estacionados na rua. Restrições de trânsito podem ter requisitos burocráticos ou no mínimo sinalização viária com cones para lidar com os automóveis. As crianças devem ser encorajadas a fazer o que sentirem vontade: elas podem pintar o asfalto com giz, jogarem futebol, ou brincar com suas bicicletas e patinetes.

Festas de rua

Uma festa de rua é um pequeno evento particular organizado por moradores para moradores e que envolve comidas, bebidas, brincadeiras e música. Em geral envolve o fechamento da rua para trânsito motorizado e fazer um requerimento formal para as autoridades locais. Pode ainda ser necessária uma autorização para tocar música ao vivo ou comercializar bebidas.

Uma festa de rua é uma maneira maravilhosa para:

  • encontrar e conhecer seus vizinhos;
  • aproveitar a rua livre de carros;
  • dar às crianças a chance de experimentar brincar na rua em um ambiente seguro, sem tráfego e com muitos adultos para supervisioná-las.

Festas de rua são excelentes eventos teste para a implementação de ruas de lazer, uma política municipal de abertura do espaço viário para pessoas que já é lei em diversas cidades brasileiras.

O projeto Prioridade Absoluta tem modelos de como fazer uma requisição para uma rua de lazer. Além disso, a organização inglesa “Streets Alive” oferece uma série de informações sobre como organizar uma festa de rua.

Para todas as idades, as ruas foram feitas para brincar

 

Esse post é uma tradução adaptada do texto: Street play and events disponível na página da Sustrans.

 

Comprovado: infraestrutura gera demanda

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Contagem realizada pela Transporte Ativo comprova que a infraestrutura cicloviária em implementação em Laranjeiras será um indutor de demanda por mais viagens em bicicleta na região. A ciclovia ainda nem está pronto e o movimento já é grande, vai aumentar muito ainda.

Foram 12 horas de contagem automática, realizada no dia 3 de setembro em trecho já dotado de ciclofaixa. O resultado foi surpreendente, 975 ciclistas, confira o relatório em PDF.

Com as obras da infraestrura cicloviária ainda em andamento o volume de ciclistas foi maior que o encontrado nas contagens realizadas recentemente, com a mesma metodologia, nas já consolidadas ciclofaixas das ruas Figueiredo de Magalhães e Toneleros em Copacabana.

 

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A rua das Laranjeiras é grande via principal que liga o Cosme Velho ao Largo do Machado ponto central para quem vem e vai em direção ao Flamengo, Botafogo e Catete. O longo eixo viário Laranjeiras-Cosme Velho concentra todo o tráfego de ônibus, bicicletas, carros, motos e pedestres em um espaço limitado. De acordo com as possibilidades, a infraestrutura em implantação vai da via compartilhada à ciclovia.

No trecho onde foi feita a contagem, a implantação de uma ciclofaixa de mão dupla em substituição as vagas de automóveis transformou a dinâmica da via, facilitando os deslocamentos em bicicleta e aumentando a segurança viária.

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O trecho estudado tem uma importante função de conexão, ligando às ciclorotas de Cosme Velho até o terminal de Cosme Velho; à Ciclovia Fluminense (para Botafogo); à ciclofaixa até o Largo de Machado (a ser implantada no próximo mês) e a partir do Largo do Machado conectando à ciclovia de Aterro de Flamengo. Foi apenas a primeira contagem de bicicletas automática feita no local e será repetida após a implantação completa das obras cicloviárias e depois anualmente.

Com a rede completa, aos poucos a tendência é a humanização dos fluxos com o compartilhamento nas vias incentivando a convivência segura entre pessoas, estejam elas na condução de veículos motorizados ou pedalando.

ciclofaixa-laranjeiras-contagem-02

Saiba mais:
Bicicletas e ciclovias, da sala de aula para a rua
Equipamento utilizado para a contagem de ciclistas.
Resultado das outras contagens citadas: