Diversão para o fim de semana em SP

Festival Ciclobr

Vai ter bike-polo, bikester e prova do cotonete. Vale passar pelo Parque das Bicicletas a partir das 9h desse sábado, 27 de fevereiro e no domingo 28.

Quanto as definições, bike-polo é um pouco como o tradicional polo, mas com bicicletas no lugar dos cavalos. Bikester é um campeonato de arrancada com bicicletas infantis em que não valer se levantar do selim. Já a prova do cotonete é similar ao desafios medievais em que cada cavaleiro tinha que derrubar seu adversário com uma lança. Nesse caso, novamente saem os cavalos e no lugar das lanças, tubos de papelão com luvas de boxe.

Haverá também infraestrutura para os espectadores com direito inclusive a manobrista de bicicletas no local.

Mais informações sobre o Festival Ciclobr.

Padrão de riqueza

Pai e filhos indo pra escola de bicicleta

Em uma escola, ainda no começo do ano letivo, entra na sala o professor e acontece o seguinte diálogo:

– O professor vem sempre para a escola de bicicleta?
– Sim eu vou para todos os lugares de bicicleta. – responde o professor, feliz e surpreso dos alunos terem reparado.
Até que vem a resposta:
– Então o professor é pobre?
– (Silêncio constrangedor).

A percepção corrente de que riqueza se traduz em bens materiais atinge com força as crianças, mas não precisa ser fato consumado. O professor dessa pequena história não soube o que responder, mas a quantidade de boas respostas possíveis é tão grande quanto o universo de bicicletas.

Para quem pedala todos os dias, chega a ser intrigante e soa repetitivo ouvir questionamentos sobre o uso da bicicleta. Para ajudar e sensibilizar alunos em relação a importância e ao valor das bicicletas para as pessoas e as cidades, a Transporte Ativo disponibiliza uma apresentação feita em um colégio particular no Rio de Janeiro. Nela, imagens e vídeos mostram a bicicleta como ícone de luxo, mas principalmente seu potencial para cidades e pessoas melhores no futuro.

– Baixe em pdf a apresentação “A Bicicleta, passado, presente e futuro“.

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Cultura pró-bicicleta

From Bicicletário Laura Alvim

Ir ao cinema, ao teatro, tomar um café ou comprar livros, tudo em plena orla de Ipanema na Casa de Cultura Laura Alvim. Agora com um belo bicicletário feito a partir de sucata reaproveitada.

Em uma parceria do centro cultural com o programa “Rio, o estado da Bicicleta”, foi instalado esse bicicletário que tende a ser mais um marco cultural carioca. Não só pela comodidade de ter vaga na porta para ciclistas, mas por ser uma das áreas mais nobres da cidade. A iniciativa valoriza ao mesmo tempo a Casa de Cultura e a bicicleta.

From Bicicletário Laura Alvim

Que outros espaços culturais tenham a mesma iniciativa da Casa de Cultura Laura Alvin, qualificando o espaço público com estacionamentos para nossas queridas bicicletas.

From Bicicletário Laura Alvim

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A reinvenção do mundo, pedalando

O jornalista Arthur Dapieve escreveu uma resenha sobre o livro “Diários de Bicicleta” que foi publicada no jornal O Globo em 11 de dezembro de 2009. Mais do que bicicletas, o livro de Byrne fala sobre cidades, pessoas, culturas. Tudo pela perspectiva de quem, por acaso, utiliza a bicicleta como seu principal meio de transporte terrestre.

O Leonardo pop

Byrne reinventa o mundo pedalando

David Byrne chegou à capa da “Time” na edição datada de 27 de outubro de 1986. Ele já não era nenhum novato _ os Talking Heads haviam sido formados onze anos antes _ mas a revista reconhecia mais que isso. Segundo ela, Byrne era um homem da Renascença no rock, um Leonardo Da Vinci no CBGB’s por conta de seus múltiplos talentos: música, claro, artes plásticas, espetáculos de dança e, este o gancho, um filme, “Histórias reais”.

O diretor e co-roteirista viria dos Estados Unidos apresentar a sua obra no então FestRio, semanas depois. “Histórias reais” era uma alegoria travestida de documentário. Ou vice-versa. O personagem de Byrne visitava a fictícia cidade de Virgil, Texas, como se tivesse acabado de chegar de Marte. Lá, ele se inteirava de estranhos tipos humanos e de bizarras formas de organização social. Seu olhar era cândido, irônico, brilhante.

Bem, reencontrei o homem da Renascença no melhor livro que li em 2009, “Bicycle diaries”, blague de um velho latinófilo com “Diários de bicicleta”, de Che Guevara, levado ao cinema por Walter Salles. A capa dura vermelha da editora Viking protege o pedalar e o pensamento de Byrne por Berlim, Istambul, Buenos Aires, Manila, Sydney, Londres e um punhado de cidades americanas, em especial São Francisco e Nova York, onde este escocês sossegou depois de passar a infância em Hamilton, Canadá, e a adolescência
em Baltimore.

Aos 57 anos, Byrne pedala habitualmente por toda Nova York. Ele conta que já teve de se desviar de Paris Hilton, que atravessava a rua com o sinal vermelho para pedestres, o seu cãozinho na coleira e a expressão “eu sou Paris Hilton, você não me reconhece?” na cara. Em viagem, ele carrega uma bicicleta dobrável, o que lhe permite sentir o clima com mais liberdade do que se estivesse de carro e mais abrangência do que se andasse a pé.

O escritor inglês Will Self gosta de fazer quase o mesmo caminhando, às vezes até do aeroporto ao centro de uma cidade. Em “Psychogeography”, de 2007, ele diz que aderiu a longas caminhadas “como um meio de dissolver a matrix mecanizada que comprime o espaço-tempo e desconecta o humano da geografia física”. No capítulo dedicado ao Rio, Self ganha o apelido de Hitler na vizinhança suspeita de seu hotel por carregar o pocket de “Ascensão e queda do Terceiro Reich”, de William L. Shirer, com uma suástica na capa.

O estilo de Byrne é diferente do de Self. Não apenas no meio de transporte. Se o inglês é gongórico-misantrópico, como sempre, o nova-iorquino é cristalino-humanista. Pode-se ler “Bicycle diaries” como uma sequência de posts num blog. Claro, um blog bem escrito e não-ególatra, cujos tags seriam ciclismo, urbanismo, artes plásticas, arquitetura, música, história, sociologia, psicologia, antropologia. O homem da Renascença, lembre-se.

Byrne articula esses posts não apenas por cidades _ algumas visitadas mais de uma vez no decorrer dos anos_ mas também por assunto. Cada capítulo constitui um pequeno ensaio, com um tema central. O de Istambul, por exemplo, trata das tensões entre Ocidente, representado por um festival de rock proibido, e Oriente na cultura turca. O de Sydney trata das hostilidades da natureza australiana com o ser humano, como se uma dissesse ao outro “você não é bem-vindo aqui”, e do colonizador europeu com os nativos aborígenes.

Ele descreve como o sapo-cururu, introduzido na Austrália para combater insetos nas lavouras, tornou-se ele mesmo uma praga, e uma praga cuja pele secreta um veneno que, em pequenas doses, causa delírios e, em grande doses, pode matar. Alguns cães ficaram viciados em lamber sapos-cururus. “Pessoas também morreram por causa deles”, escreve Byrne. “Porque, como nos cães, uma lambida num sapo-cururu pode estimular alucinações que duram cerca de uma hora, e alguns caras não são tão espertos quanto cães.”

São essas pequenas iluminações, centenas delas, às vezes zen-budistas, que tornam “Bicycle diaries” tão bom. Byrne é um três-em-um: viajante não-etnocêntrico, observador inteligente e escritor habilidoso. Pegue-se o post do aviso na porta giratória da catedral de St. Paul, em Londres: “Esta não é outra senão a casa de Deus. Este é o portão do Paraíso.” Byrne se espanta com tamanha solenidade numa mera porta giratória e conjectura: “Acho que diz isso de trás pra frente quando você está dentro.”

Na pesquisa para o estranho projeto de um filme que relacione Imelda Marcos e cultura discotèque, Byrne vai parar em Manila. Pedalando pela orla da cidade, ele se espanta com a quantidade de karaokês e toma conhecimento de que alguns filipinos reclamam para o país a invenção dessa modalidade de diversão. Aí vem a sacada: “Há até um canal de karaokê na TV. Infinitos vídeos baratos e cafonas com música tocando e letras rolando. Você pode ficar em casa e cantar junto com a sua televisão. É como algum tipo radical de obra de arte conceitual _ mas, diferentemente de arte conceitual, é superpopular.”

“Bicycle diaries” termina com uma série de desenhos sugeridos por Byrne para novos bicicletários em Nova York. O homem da Renascença, lembre-se.

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“Diários de bicicleta” acabou de sair no Brasil, pelo selo Amarilys, da editora Manole, com prefácio de Tom Zé. A versão brasileira, amarela, está tão bonita quanto a americana, mas sobre a tradução que apenas folheei qualquer comentário seria precipitado.

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Árvores a mais e de bicicleta

10 Pedal Verde

Pau-ferro no Parque da Luz, foto de Luciano Ogura.

Último domingo do mês é dia de Pedal Verde em São Paulo. Pedalar primeiro até o viveiro Manequinho Lopes e depois seguir rumo a um destino pré-definido que ganhará algumas árvores.

Bicicletas que fazem a função de pássaros e semeiam a terra que vive cercada pelo asfalto.

Onde:
– Viveiro Manequinho Lopes, Portão 7 na Avenida IV Centenário

Quando:
– Dia 31 de janeiro. Encontro às 8:30 com saídas às 9hs

Destino:
– Avenida Cardoso de Almeida, quase esquina com Dr. Arnaldo.

Saiba mais sobre o Pedal Verde.