Pelo amor a bicicleta

Livro eu amo bike

Em busca de entender o que é essa tal de bicicleta e o que ela faz com que a utiliza, foi lançado o livro “Eu Amo Bike“, 50 histórias de brasileiras e brasileiros apaixonados por essa tal magrela.

É um amor que surge ao primeiro vento no rosto. Aquele equilíbrio bambo pela rua vazia a cadência dos pedais garantiu que milagrosamente duas rodas alinhadas em linha reta fossem capaz de manter de pé um estrutura de tubos metálicos e uma pessoa em cima.

Tudo tão simples, mas ainda assim a bicicleta e a primeira pedalada livre é lembrança eterna. Impossível esquecer essa arte de caminhar sobre o ar e cortar o chão, a terra, as ruas e o mundo.

Além de poder desfrutar de inspiradoras histórias, ao comprar o livro, parte da renda será destinada a Transporte Ativo, Ciclocidade e o site Vá de Bike organizações que promovem o uso da bicicleta e compostas por apaixonados.

Dá pra descobrir 50 razões para amar a bicicleta, 50 dicas para começar a pedalar e claro sentir aquela vontade de descobrir o prazer das duas rodas a pedal para quem não conhece e reviver a paixão de quem pedala e ama o vento no rosto.

O livro estará nas livrarias a partir da segunda quinzena de maio, mas já é possível comprá-lo via facebook.

Leia mais no Vá de Bike.

 

Quem é o ciclista brasileiro

Projeto transite – http://catarse.me/pt/transite.

Tem muita gente que pedala Brasil afora. A frota de bicicletas passa das dezenas de milhões, mas toda magrela precisa de um ciclista. Conhecer esses ciclistas será a missão do Felipe Baenninger no projeto Transite.

E o registro dos ciclistas brasileiros vai virar um livro, mas o projeto só se concretiza com o apoio prévio, é o financiamento coletivo em prol da arte em bicicleta. Fica lançado o convite para que todos colaborem e ajudem ao Felipe nessa aventura exploratória.

Construção da segurança

Bicicleta-semaforo-copacabana

O enfrentamento mais decisivo em curso para quem usa e promove a bicicleta está além das ruas. Está no discurso que se propaga sem saber, está no preconceito que se manifesta velado ou explícito. Nas palavras que se repetem, que constroem e reforçam barreiras que impedem a humanização dos espaços públicos de circulação e das próprias cidades.

Durante o século das duas guerras mundiais, as carruagens motorizadas saíram em massa das linhas de montagem para ganhar as ruas. Os mortos e feridos contaram-se aos milhares em um embate que tirou à força as crianças e adultos das ruas para que os automóveis pudessem circular na maior velocidade possível.

E não foi em silêncio que as famílias velaram seus mortos. Houve um processo de demonização do automóvel, imediamente percebido como um ator destrutivo nas ruas das cidades. Para que as linhas de montagem continuassem a produção foi preciso promover um novo conceito, o de que os veículos motorizados, o novo ator no trânsito urbano, eram seguros e adequados para as ruas.

O esforço da industria automobilística para viabilizar o uso intensivo de seus produtos nas cidades foi imenso e frutífero. Em poucas décadas, o século XX tornou-se o século do automóvel e as ruas perderam muito do seu caráter histórico de espaço público, uma construção social de 5 mil anos.

Mortos e feridos nas ruas contam-se às dezenas de milhares. No Brasil o número gira ao redor dos 50.000 mortos por ano. Sendo as pessoas fora dos automóveis, em especial os pedestres, as maiores vítimas.

Ator consolidado nas ruas do século XXI, o automóvel deixou de ser diretamente responsabilizado pelas perdas de vidas humanas que gera. Encarado como fato consumado nas cidades o trânsito motorizado é conversa de elevador e suas vítimas geralmente veladas em silêncio.

A segurança das ruas é acima de tudo uma construção social. Hoje essa construção permite que pedestres e ciclistas sejam tratados como vítimas a serem responsabilizadas. A reversão do discurso que aceita os mortos e feridos no trânsito como casualidades é uma necessidade do século XXI. Enquanto o embate do século XX foi entre a demonização do automóvel e a industria automobilística, o embate atual é da qualidade de vida contra a degradação do espaço público das cidades.

A vilanização dos motores acabou derrotada e hoje as cidades são bem diferentes de como eram em 1900. As cidades de 2100 certamente serão outras e para que façam sentido e possam abrigar grandes populações humanas que gerem prosperidade, é preciso promover o uso racional e seguro do automóvel em ruas que possam garantir mais fluidez para as pessoas que utilizam transportes ativos e os transportes motorizados coletivos.

Você praça

Quem circula pelas ruas de São Paulo, ou até mesmo que está de olho nas novidades que aparecem nas redes sociais podem já ter visto uma imagem que traz um stencil com a frase”

Você praça, acho graça

Você prédio, acho tédio

O autor é Dafne Sampaio, que se define como “um sujeito de cabelos e barba grisalhos, óculos” e busca muros e tapumes pela cidade para fazer o diálogo com esses espaços e com a cidade, suas pessoas.

As reações de quem passa e vê o jornalista em ação nas ruas são sempre cordiais e despertam sorrisos. São Paulo, cidade opressiva com ruas travadas com tantos carros, em que falta espaço público para contemplação certamente precisa desse debate.

Praças nesse contexto são a graça de poder estar na cidade em um ambiente público, o prédio é a esfera privada, o espaço sem diversidade e cada vez mais isolado do tecido urbano por muros altos, grades e garagens.

A história completa de como surgiu a idéia do estêncil está no blog do artista. Há ainda o texto “Por uma cidade cheia de graça” que conta um pouco mais.