Planejamento Cicloviário para a PUC-RIO

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O ITDP, em parceria com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, organizou um workshop onde alunos do oitavo período da matéria terão que desenvolver uma estratégia para a mobilidade sustentável no futuro do Campus.
A Transporte Ativo e o I-CE também foram convidados para participar do workshop. No final do ano apresentaremos aqui alguns resultados obtidos no workshop e durante o período letivo.

A PUC – RIO, que já teve um bicicletário modelo, desfigurado por uma reforma equivocada, poderá voltar a ser uma referência no tratamento dado às bicicletas dentro de um Campus.

Confira as apresentações do workshop clicando aqui.

Árvores, ar e planejamento urbano

A natureza nos presta grandes serviços sem cobrar nada. É a chuva que lava o ar que respiramos, trazendo de volta as toneladas de fumaça que mandamos para os ares.

Mas a água com a qual contamos para lavar a sujeira que emitimos tem um ciclo próprio. No sudeste brasileiro é no inverno que chove menos. Frio e o clima seco se somam para prejudicar a saúde da população.

Muitos morrem e outros tantos acabam com pulmão de fumante compulsivo sem tragar um cigarro sequer. E a culpa certamente não é do inverno, mera estação do ano, processo cíclico de bilhões de anos.

E é justamente durante o inverno que recomeça a repercussão do discurso de que a qualidade do ar e a baixa umidade são motivos para que as pessoas se abstenham de fazer atividades físicas. Mas pouco se fala em medidas que efetivamente possam evitar que a qualidade do ar se torne péssima.

O rodízio de veículos foi implementado também para diminuir os efeitos da poluição. O envelhecimento e aumento da frota neutralizaram os efeitos benéficos para a qualidade do ar. No entanto uma medida fundamental do planejamo urbano pode e deve ser mais utilizada, a arborização. Cinco benefícios fundamentais são:

– Filtragem do ar
– Regulação do micro-clima nas ruas e na cidade
– Redução da poluição sonora
– Drenagem da chuva
– Recreação e preservação de valores culturais

Viver em uma cidade não é fácil, mas os benefícios compensam para a maioria da população, nem que seja para viver com pouca qualidade de vida, mas com a subsistência garantida. A construção de políticas públicas para garantir a qualidade de vida dos urbanóides é condição fundamental para que as cidades possam continuar a existir. E a vida humana necessariamente precisa dos serviços da natureza, seja a chuva que lava os ares os a árvores que regulam o clima.

Mais:
Mapa da qualidade do ar em São Paulo
Ecosystem services in urban areas – Bolund

Relacionados:
Bicicletas e a natureza das cidades
O ambiente natural e as cidades
Geologia, engenharia e harmonia

Devagar também nas estradas

Um estudo preliminar holandês concluiu o que qualquer motorista atento ao consumo de combustível sabe, ir devagar na estrada ajuda a economizar. Ao manter velocidades menores durante uma viagem, é possível também diminuir as emissões de CO2.

A tese que os pesquisadores da CE Delft levantaram é que trata-se de uma boa política pública reduzir os limites de velocidade nas estradas. Para emitir menos CO2 e portanto contribuir menos para o aquecimento global. Os ganhos podem chegar a 30% com a redução do limite de velocidade para 80 km/h nas auto-estradas. Vale lembrar que em muitas estradas brasileiras o limite para veículos pesados já é de 90 km/h.

Vale destacar os custos e benefícios:

CUSTOS SOCIAIS:

– Maior tempo de viagem
– Redução no índice de passageiros transportados/veículo/quilômetro
– Custos de fiscalização

BENEFÍCIOS SOCIAIS:

– Redução da emissão de CO2
– Redução na emissão de poluentes
– Redução da poluição sonora
– Aumento da segurança viária
– Redução dos congestionamentos
– Diminuição nos gastos com infraestrutura
– Economia de combustível

Transplantando esse estudo para a realidade brasileira, os benefícios podem ser ainda maiores. Tanto por salvar vidas nas estradas e também por tornar possível igualar a velocidade máxima dos veículos leves e pesados.

Para ler o resumo:
Why slower is better
(via treehugger)

Relacionados:
Visão Zero
Em favor das reduções de velocidade
Um número mágico

Enxurradas urbanas

Quando a bicicleta é a opção, devagar e sempre, vão todos.

De trem, movem-se no ritmo das composições que vem e vão.

Congestionamento, originally uploaded by kassá.

Na enxurrada de carros, ninguém se move.

Cento e cinquenta pessoas em de Bogotá. Com ruas inteligentes a cidade pode ser de poucos, de muitos, ou de todos.

Relacionados:
Ruas Inteligentes

Mobilidade urbana, um direito básico

Foi somente no século XX que as cidades perderam seu caráter de acomodar com segurança uma diversidade de meios de deslocamento. Nas palavras do historiador Peter D. Norton em seu livro “Fighting Traffic”:

Antes que as cidades norte americanas pudessem ser fisicamente reconstruídas para acomodar automóveis, as ruas tiveram de ser reconstruídas socialmente como espaços nos quais o carro pudesse ser aceito. Até então, as ruas eram consideradas espaços públicos onde condutas que pudessem colocar em risco ou obstruir os outros (inclusive os pedestres) eram consideradas desrespeitosas. O direito dos motoristas era portanto frágil, sujeito a restrições que inviabilizavam as vantagens de ter um carro.

Ruas como espaço para o fluxo motorizado são uma construção subjetiva do século XX, algo perfeitamente reconfigurável dentro de um novo conceito político que se desenha no século XXI. Esse redesenho de nossas cidades tem de ser portanto construído antes de tudo nas mentes antes de se materializar fisicamente.

Essa reconfiguração mental passa por enxergar para além da forma atual das cidades e seus usos. Medidas de incentivo e valorização de pedestres e ciclistas são o caminho, mas não existe um roteiro definido. Apenas diversos primeiros passos que busquem deixar claro que cidades são para pessoas e qualquer objeto ou estrutura física serão sempre coadjuvantes.

Mais:
In Defense of Jaywalking
Is Urban Mobility A Human Right?

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