Rivalidades Urbanas

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Rio de Janeiro e São Paulo tem uma lendária rivalidade bairrista, “competição” em nome da relevância econômica, política e cultural. Para adicionar caldo a essa informal disputa, entra em cena o Dia Mundial sem Carro. Reportagem do Estado de S. Paulo no próprio dia 22 mencionou as atitudes e atividades nos dois extremos da Via Dutra.

Na Cidade Maravilhosa a prefeitura impôs restrições ao estacionamento de motorizados em ruas do centro, o prefeito pedalou 20 km até o trabalho e foi inaugurado o projeto Zona 30 em Copacabana. Além disso a frota de trens suburbanos, do metrô e ônibus circulou em maior número.

Restringir estacionamento capacitou a cidade a ser participante oficial da jornada mundial em prol da mobilidade sustentável e encorajou a adesão da população. Já a pedalada do prefeito é um exemplo pessoal de grande impacto midiático. Finalmente, a maior disponibilidade de transporte público ajuda a população a abraçar a idéia e a Zona 30 em Copacabana serve para deixar frutos para além do dia 22 de setembro.

Enquanto isso na Paulicéia, a sociedade civil liderou a reflexão em torno do Dia Mundial Sem Carro, mas com a adesão da população pouco visível em meio a um dia nublado e com garoa. Ainda assim, o prefeito e seu secretário de transportes foram de ônibus ao trabalho, o bom exemplo que aparece na mídia. O secretário de Esportes, também deixou o carro em casa e circulou pela cidade somente de transporte público. Além disso também fechou as portas da secretaria para o estacionamento de veículos automotores. Todos tiveram de procurar alternativas, ou ao menos pagar pelo estacionamento mais distante e caminhar até o trabalho.

O exemplo dos prefeitos e secretários ilustrou a maneira de agir na cidade no Dia Mundial sem Carro, ainda centrada na ação de cidadãos, mas sem o apoio institucional da administração municipal. Mas a sociedade civil fez um belo papel. Com intervenções a beira do rio Tietê, faixas bem humoradas em viadutos, uma Vaga Viva a prova de chuva, andomóveis na avenida Paulista e mais uma belíssima Bicicletada especial com centenas de ciclistas.

Para a além das rivalidades, o Rio de Janeiro teria muito a ganhar com o engajamento dos seus cidadãos em maior número, uma realidade paulistana. Enquanto a administração municipal em São Paulo precisa saber valorizar a mobilidade sustentável, bandeira do 22 de setembro, como um símbolo de uma política em defesa do futuro da cidade.

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Foto: Luddista

Daqui para Frente

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O Dia Mundial sem Carro (DMSC) começou na Europa e se espalho. Hoje é uma iniciativa de âmbito mundial que acontece em milhares de cidades. Para os europeus o 22 de setembro deixou de ser um dia e tornou-se a Semana da Mobilidade. Mas a idéia central permanece, um período delimitado do ano em que possam ser feitos ensaios e divulgados conceitos aplicáveis diariamente.

No Rio de Janeiro o 22 de setembro tem ganho notoriedade ao longo dos anos e esse ano sociedade civil e prefeitura se uniram para chamar a atenção para um conceito fundamental para o futuro das cidades, o uso racional do espaço urbano para a circulação. O melhor da iniciativa no entanto é que os efeitos irão perdurar para além do dia 22. As ruas internas de Copacabana irão ter o limite de velocidade reduzido para 30 km/h uma proposta feita pela Transporte Ativo e encampada pelo poder público municipal. Medida que beneficiará imensamente a compatibilização de fluxos em um bairro que não comporta mais automóveis dada a sua enorme densidade.

Um importante exemplo no entanto foi dado pela prefeitura para que o carioca abrace a idéia do Dia Mundial sem carro. Nos prédios do município só poderão estacionar os veículos operacionais. O exemplo dos servidores municipais (incluindo o prefeito) tem certamente grande potencial de influenciar a população a deixar o carro na garagem em um dia simbólico.

Haverá também restrições ao estacionamento de automóveis no centro da cidade, aumento da frota de ônibus circulando e diminuição nos intervalos do metrô, trens e barcas.

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Saiba Mais:
As Zona 30 de Copacabana
Um Histórico do DMSC por Willian Cruz.

Notícias na Mídia:
Rio de Janeiro sem Carro – O Eco
Rio terá Dia Mundial sem Carro com estacionamento proibido no Centro – g1.com.br

Desafio em Nome da Diversidade

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Largada do Desafio Intermodal 2007. Foto das 17:59

Mais uma vez a pergunta se repete. Qual o meio de transporte mais eficiente para ir e vir em uma grande cidade? Hoje será a IV Edição do Desafio Intermodal Carioca. Um teste prático a ser realizado nas ruas. Da Central do Brasil no centro da cidade à Praça Antero de Quental no Leblon, Zona Sul. Aproximadamente 15 quilômetros serão percorridos com largada às 18 horas.

A grande novidade em 2009 é que a imprensa já começou a cobrir o evento antes da sua realização o que é um bom indicador para a visibilidade que essa simples iniciativa conseguiu alcançar. O resultado não deve fugir ao esperado com a comprovação evidente da eficiência energética e econômica da bicicleta, com as óbvias vantagens de ser amiga do meio ambiente.

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Chegada do DI em 2007. Foto as 19:23

Trânsito do Rio será circuito de desafio entre meios de transporte
Desafio testa qual o melhor meio de transporte urbano a ser usado no Rio

Confira como foi a III Edição do Desafio Intermodal Carioca.

Mais sobre Transporte Intermodal no Blog.

Melhor a cada Por do Sol

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O plano cicloviário de Copacabana que será implantado em caráter piloto no próximo mês não foi um fato do acaso, nem tão pouco uma decisão tomada sem planejamentos, sugestões e pressões.

Na cronologia do que foi feito pela Transporte Ativo alguns fatos merecem destaque. O primeiro deles foi o Dia Mundial Sem Carro de 2007. Um sábado em que os moradores e visitantes de Copacabana puderam desfrutar da orla de uma maneira que só ocorre aos domingos e feriados. No entanto um detalhe pode ter passado desapercebido aos olhos menos atentos, a interdição parcial da rua Xavier da Silveira, o caminho mais tranquilo para ir do metrô Cantagalo até a orla. Nesse dia operadores da CET-Rio orientaram o trânsito motorizado e a prioridade foi total para pedestres e ciclistas. Carros e motos, somente dos moradores para trânsito local.

A Xavier da Silveira não foi interditada por acaso, mais tarde tudo ficou mais claro com o lançamento das Zonas 30 de Copacabana. Um projeto revolucionário que estava no papel passou a ser de conhecimento público. O planejamento urbano do bairro ficou definitivamente amigo das bicicletas.

Incluir as bicicletas na Princesinha do Mar passou a contar também com o projeto SAMBA, as famosas e tecnológicas bicicletas públicas já implantadas nas 3 estações de metrô e outros 5 pontos na orla de Copa. As Zona 30 casavam perfeitamente com a iniciativa. Aluguel gratuito e segurança viária garantida, fórmula de sucesso para atrair novos usuários e motivar quem já pedala pela região.

Como forma de balizar os projetos e confirmar a necessidade do que estava sendo feito, a TA realizou a primeira contagem de ciclistas. Uma quarta feira normal no Corte do Cantagalo, em doze horas praticamente um ciclista por minuto. Mesmo em condições adversas eles já estão por lá, pensar e planejar em função deles é garantir qualidade de vida para o bairro. A contagem do corte foi complementada pela contagem no túnel velho, outro acesso a Copacabana que precisa de intervenções para garantir a segurança de que já pedala por lá e em grandes números.

Foram quase 2 anos até aqui, quando um pouco do que está no papel chegou as ruas. Apenas um primeiro passo, a pedalada inicial que certamente irá ajudar a fazer do bairro mais famoso do Brasil um lugar mais agradável para todos. Seguindo as palavras de Jan Gehl, é como acordar a cada dia e ver que a cidade está um pouco melhor do que o dia interior. Que assim seja por todos os anos daqui pra frente.

De bicicleta para o trabalho

Passamos pela Semana Brasileira da Mobilidade, cuja data máxima foi o Dia sem Carros. “O objetivo deste movimento é chamar a atenção para a necessidade de se repensar o modelo de mobilidade que estamos aplicando em nossas cidades desde o advento do automóvel no início do século passado” (Rua Viva, Carta aos Municípios Brasileiros, 14.jul.2008).

A valorização do uso da bicicleta tem sido um dos principais eixos desta mudança pretendida. Contudo, a realidade diária torna esta mudança inviável para muitas pessoas, por barreiras que se firmam ou no preconceito ou, sobretudo, no desconhecimento. O que fazer para ir de bicicleta para o trabalho? O que as empresas devem fazer? O que as pessoas precisam saber? Foi pensando nisto que a Associação Transporte Ativo e o Mountain Bike BH elaboraram o Guia De bicicleta para o trabalho.

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Trabalhamos desde fevereiro para lançar o Guia como parte dos eventos da Semana da Mobilidade e Dia sem Carros.
Traduzimos dois manuais estrangeiros, fizemos adaptações para nossa realidade e preparamos um leiaute especial, para acrescentar leveza e beleza ao conteúdo. Com isto, conseguimos produzir um documento exclusivo, único em língua portuguesa, que se iguala ao que existe de melhor em outros países.

Quais são as respostas para aquelas desculpas clássicas que as pessoas dão para não usar a bicicleta? Veja se sua bicicleta está preparada para o trabalho. Como você pode atuar dentro da empresa para criar uma cultura pró-bicicleta? Você sabia que, como política de incentivo, empresas no exterior financiam a compra de bicicleta por seus funcionários? Que há abonos e horas de folga cumulativas para quem vai de bicicleta para o trabalho??

Confira tudo isto e muito mais no Guia De bicicleta para o trabalho

Veja também o cartaz “Respostas para desculpas clássicas“. Esta seção do guia foi especialmente selecionada para que você possa divulgar entre colegas de trabalho. Imprima colorido e coloque no mural de avisos do seu local de trabalho!! Para fazer um “dia sem carros” todos os dias.