Bicicletas e ônibus urbanos

Turma de motoristas de ônibus

Turma de motoristas de ônibus

A bicicleta é para muitos motoristas uma estranha desconhecida. Com o aumento da infraestrutura cicloviária, conversar com motoristas é fundamental. O melhor a fazer no diálogo é gerar empatia e foi com essa intenção que participamos do curso “Ônibus e Bicicletas, uma convivência possível” – iniciativa da secretaria municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro através do Centro de Educação Ambiental (CEA).

O curso foi ministrado para motoristas da Viação Ideal, que circulam na Ilha do Governador, bairro que tem recebido diversas melhorias cicloviárias, com destaque pro Anel Cicloviário da Ilha.

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Dentro da estrutura do curso, os motoristas de ônibus foram apresentados ao programa “Rio Capital da Bicicleta”, depois puderam conhecer um pouco sobre os dados sobre o uso da bicicleta e o que diz a legislação de trânsito.

Sinalização horizontal e vertical. Foto: Alex Gomes

Sinalização horizontal e vertical.
Foto: Alex Gomes

Nossa participação foi para mostrar como os ciclistas são grandes aliados do transporte público, com destaque para as parcerias possíveis entre os ônibus urbanos e as bicicletas nas ruas.

Cruzamento sinalizado. Foto: Alex Gomes

Cruzamento sinalizado.
Foto: Alex Gomes

Os motoristas adoraram a abordagem e com certeza hoje estão até dando cobertura para os ciclistas da ilha. Afinal o bairro está repleto de ciclofaixas, sinalização horizontal e vertical ostensivas, cruzamentos demarcados e bicicletários em diversas esquinas.

Dá-lhe Ilha do Governador!

Leia mais: Motoristas de ônibus do RJ são treinados para respeitar ciclistas – Jornal do Brasil

Dois retratos da orla carioca

praia do Arpoador, 1973

praia do Arpoador, 1973

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praia do Arpoador, 2013

Uma cidade se constrói ao longo de anos, décadas. O Rio de Janeiro tem ao longo dos anos, seguido no rumo de humanizar espaços públicos. O mais simples é começar pela praia, de frente ao mar as areias são a essência do que é o espaço público.

Foi no encontro entre as calçadas junto às areias do mar e o asfalto das autopistas da orla que nasceu a malha cicloviária carioca. Lá nos idos dos anos 1990. Época de passeios noturnos nas avenidas junto ao mar que juntavam mais de 5 mil ciclistas.

Hoje a infraestrutura permanente adentrou o continente, expandiu-se pela cidade e pedala para tornar o uso da bicicleta parte do cotidiano de muito mais do que alguns milhares de ciclistas. Os números já apontam serem 1,5 milhão de viagens em bicicleta na região metropolitana do Rio. Número representativo que é maior do que o de viagens por trilhos.

Assim como pedalar, o mais difícil é vencer a inércia. Depois, a bicicleta e a cidade tendem a entrar no ritmo do ciclo virtuoso que melhora a qualidade de vida de quem pedala e a das cidades que tem mais ciclistas.

Conforto, segurança e praticidade serão cada vez mais os aspectos necessários para garantir que a bicicleta possa exercer o seu papel de agente transformador das cidades em ambientes mais adequados à circulação de pessoas no espaço público. E como nem tudo é circulação, os espaços públicos de contemplação também precisam ter a devida atenção.

Palmas para o horizonte visto da pedra do Arpoador, com o morro Dois Irmãos ao fundo.

Contagem de ciclistas na Praça XV

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A praça XV é destino pedestre, local de integração entre os dois lados da baía da Guanabara. Barcas e catamarãs partem e chegam diariamente. O grande fluxo são de pessoas vindas de Niterói e municípios vizinhos, com destino a seus locais de trabalho no centro do Rio.

Para conhecer e entender o fluxo de ciclistas nesse grande ponto de interligação de transportes da região metropolitana do Rio, a Tranporte Ativo, com o apoio de valentes voluntários realizou mais uma contagem de ciclistas. Parte do projeto das Ciclorrotas do Centro do Rio de Janeiro.

A contagem foi realizada na terça feira, dia 22 de novembro de 2012. O número de ciclistas foi baixo em relação a outros locais, mas um dado aponta uma tendência interessante, 20,5% do total de bicicletas eram dobráveis, um número muito acima da média de todas as outras contagens.

Esse retrato deixa evidente a importância da bicicleta como veículo de integração modal. Historicamente a dupla metrô-bicicleta dobrável é sempre eficiente nos desafios intermodais cariocas. Mas os DIs também nos ensinam que a bicicleta pública, quando presente, é ainda mais rápida e eficiente na integração com o metrô.

Ou seja, uma rede de estações de bicicletas públicas ao redor do centro certamente irá colaborar para uma maior utilização desse modal no total de viagens. Já que hoje a estação praça XV de bicicletas públicas ainda é isolada das demais estações.

Alguns números:

350 ciclistas em 12 horas, média de 29 ciclistas por hora.

72 Dobráveis 20.5%

241 homens 97.5%
9 mulheres, apenas 2.5% do total

Horário de Pico: 08 às 09 com 43 ciclistas
Horário de Vale: 10 às 11 com 14 ciclistas

Confira o relatório completo da Contagem de Ciclistas Praça XV – Centro

Ciclofaixas e ciclomodismo

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que irá lançar ciclovias operacionais aos domingos, será inicialmente um corredor isolado por cones dedicado ao trânsito de bicicletas. O plano é conectar o Parque do Aterro do Flamengo na Zona Sul, à Quinta da Boa Vista na Zona Norte.

É importante no entanto entender o nascimento desse tipo de infraestrutura. O termo “ciclovia operacional” é mais conhecido pelo apelido paulistano “ciclofaixas de lazer”. Criadas em agosto de 2009 pela Secretaria Municipal de Esportes, com o apoio de um patrocionador, de imediato esse parque ciclístico teve um sucesso estrondoso, se espalhou por São Paulo e pelo Brasil.

Inspiradas em parte nas “Ciclovias” de Bogotá na Colômbia, a versão paulistana tem dois grandes diferenciais, sinalização horizontal e vertical permanente e o fato de ser exclusiva para bicicletas.

A capital colombiana iniciou nos anos 1970 uma política de estímulo as atividades ao ar livre. Diversas avenidas durante algumas horas aos domingos e feriados tornaram-se exclusivas para a circulação de pessoas em transportes ativos. Bicicletas, patins, skates, patinetes, pessoas a pé, todos circulando livremente em um sentido das avenidas enquanto no sentido oposto o trânsito motorizado seguia seu fluxo. Muito parecido com o que acontece todos os domingos e feriados na orla carioca. As pistas junto ao mar somente para pedestres e transportes ativos (exceto a bicicleta, que contam com a ciclovia) e as pistas junto aos prédios com o fluxo motorizado em um único sentido.

Ao traduzir para a realidade carioca a iniciativa paulistana, o Rio de Janeiro visa promover o uso da bicicleta como veículo de lazer, uma estratégia válida na valorização da bicicleta, mas que também parece desconhecer o histórico da cidade. As ruas de lazer são um enorme sucesso, avenidas abertas para pessoas, independente do veículo, são transformadoras.

As ciclovias operacionais são um enorme sucesso de público Brasil afora, mas a sinalização permanente confunde e deseduca ciclistas e motoristas durante a maior parte do tempo em que a iniciativa não está em operação. Além disso, concede um privilégio aos ciclistas em detrimento de skatistas, patinadores e principalmente pedestres. Afinal basta uma caminhada na Avenida Paulista em um domingo para ter a alegria de ve-la repleta de bicicletas em circulação e a tristeza de ver que as calçadas seguem lotadas demais. Pedestres, skatistas e patinadores certamente preferem ruas de lazer.

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Editorial: Ciclomodismo

Gentilezas para ciclistas

Grandes obras geram transtornos no sistema viário de qualquer cidade. Com um pequeno incentivo é possível que a devida sinalização seja também feita para alertar aos ciclistas que no lugar da ciclovia, há um canteiro de obras e é preciso trafegar na calçada.

Inicialmente o ciclista ficou esquecido nas intervenções em curso no Leblon, no Rio de Janeiro. Mas a Transporte Ativo já lançou o alerta e em breve a sinalização será colocada para alertar os ciclistas dos desvios.

Simulação das obras com sinalização para o ciclista.

Simulação da circulação dos ciclistas na calçada.

Sinalização para condutores de veículos automotores.

Atualização, menos 48 horas após o envio das imagens pela Transporte Ativo, a sinalização foi instalada, sinal de respeito ao ciclista, que se repita em todas as obras que esbarrem em infraestrutura cicloviária.

Sinalização instalada.