Por uma boa Gestão Cicloviária no Rio de Janeiro

eleitoral

Novembro vem aí! Mês de eleições municipais e oportunidades para que a próxima gestão dê às bicicletas a importância que elas merecem, ajudando as cidades a melhorarem em diversos aspectos! Escolha bem pra quem vai o seu voto, confira o que pensam sobre os temas de seu interesse e se a mobilidade ativa está entre as suas prioridades urbanas. Busque candidatas ou candidatos que compreendam a importância dos modais ativos.
A Transporte Ativo é uma organização genuinamente Carioca, que desde 2003 busca soluções que favoreçam o uso de bicicletas e similares, sendo assim, preparamos o texto abaixo para ser divulgado àqueles que pretendem tomar as rédeas da direção da Cidade.

Tendo em vista os Marcos Legais e compromissos da Cidade do Rio de Janeiro:

  • Lei nº 5.248/2011 Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável;
  • Carbon Neutral Cities Alliance 2015 – Corte de Emissões de GEE em 80% até 2050;
  • Compromisso C40 2017 – Neutro em emissões até 2050 com Reduções a partir de 2020;
  • Decreto Rio 46079/2019 – Cidade pelo Clima – Plano de Ação Climática;
  • Compromisso C40 2019 – Declaração das Cidades com ar limpo;
  • Decreto Rio nº 46.081 de 11 de junho de 2019 que declara a adesão da Cidade do Rio de Janeiro ao objetivo de promover ruas verdes e saudáveis, com ações planejadas para cumprimento de prazos de redução de emissões de gases de efeito estufa GEE.

E ainda, tendo em vista:

  • Melhoria da saúde da população;
  • Melhoria da qualidade de vida na cidade;
  • Melhoria da integração modal e das escolhas de meios de transporte;
  • Fomento a economia em suas vertentes além do esporte e lazer da população.

Criar um ambiente favorável ao uso da bicicleta e caminhadas é uma forma de se alcançar estes compromissos, metas e objetivos, pois:

As bicicletas podem proporcionar uma economia de até 19% no SUS e ganho de até R$ 525 milhões no PIB devido ao tempo economizado, segundo o documento Impacto Social da Bicicleta no Rio de Janeiro (CEBRAP). Podem também melhorar a qualidade de vida e saúde da população, alimentando o transporte público ao mesmo tempo em que evita aglomeração em tempos de pandemia. Podem promover a economia pessoal e empresarial através do esporte, lazer, turismo, entregas. São aliadas na prestação de serviços como patrulhamentos, manutenção em geral, limpeza urbana e mobilidade corporativa dentre outras.

 A Cidade do Rio de Janeiro pode retomar o protagonismo cicloviário que deteve por muitas décadas e se perdeu ao longo desta década, voltando a se destacar neste quesito, ficando ao lado de muitas cidades europeias, americanas, latino americanas e até mesmo brasileiras, que vem encontrando nas bicicletas soluções para diversos problemas que as cidades do século XXI encontram.

O Rio tem mais de 4 milhões de bicicletas, 2,5% da divisão modal com números semelhantes ao Metrô 2,9% e trens 2,5% (dados pré-pandemia) o dobro de táxis 1,13% (PDTU 2014). Tem um dos maiores volumes de entrega por bicicletas do mundo (Consultoria Dinamarquesa Copenhagenize), o sistema de Bicicletas Compartilhadas mais ativo do País, com 5 vezes mais viagens que qualquer outro sistema no Brasil e a estação mais movimentada da América Latina, na Central do Brasil. Hoje com aproximadamente 3% de divisão modal, as viagens em bicicletas já representam uma economia de 1% nas emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa), se todas as viagens até 8km fossem feitas em bicicletas essa economia seria de 18% (CEBRAP), sendo assim o Rio estaria mais próximo de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Acordo de Paris dos quais é signatário, e também das metas de atividade física para a década da Organização Mundial de Saúde.

Hoje com 458 Km de Infraestruturas para Bicicletas construídas e mais de 4 mil bicicletários, apenas 19% da população carioca mora próxima às infraestruturas cicloviárias (ITDP). Segunda a pesquisa Perfil do Ciclista 2018, houve um aumento do uso de bicicletas como meio de transporte de 132,5% entre 2013 e 2018 e dentre os pesquisados seus principais destinos eram: ida ao trabalho 77,3%, compras 53,7%, estudo 27,7% e deslocamentos sociais 56,9%. Pouco mais da metade deles, 57,1%, levam de 10 a 30 minutos (entre 2 e 6 Km) em seus deslocamentos e 34,3% faz integração com outros modais como ônibus, barcas, metrô e trens.

Hoje as bicicletas fazem parte do cenário da Cidade e planejar para elas pode ser de grande valia, pois o sucesso da mobilidade urbana depende da combinação de diversas opções de transporte e do uso de menos energia. Cidades que investem em facilidades para pedestres e ciclistas são beneficiadas com mais qualidade de vida, saúde da população, redução da poluição, dinamismo e diversificação econômica e oferecem mais alternativas de transporte urbano.

Para alcançar esse sucesso é necessária a criação de ambientes favoráveis ao uso da bicicleta e dos modos ativos de transporte.

Sugerimos algumas ações de fácil implementação, baixo custo e grande retorno para a cidade.

  • Conexão entre as infraestruturas existentes e integração com terminais de transporte público;
  • Qualificação das ciclovias, qualidade do piso e das transições como rampas, por exemplo;
  • Redução dos limites de velocidade em algumas vias, visando aumento da segurança viária como um todo;
  • Priorizar recapeamento asfáltico e nivelamento de bueiros em vias muito utilizadas por ciclistas;
  • Bicicletários públicos de alta capacidade.

Caso você conheça alguma candidata ou candidato a Vereador ou Prefeito na Cidade do Rio de Janeiro, ou mesmo tem um candidato preferido mas não o conhece, encaminhe este texto para que tomem conhecimento das possibilidades que planejar para bicicletas e pedestres podem trazer para o sucesso da gestão! Copie e cole, faça como preferir mas faça esse documento chegar lá! O Rio precisa retornar à seriedade no planejamento cicloviário.

E lembre-se: Vá votar a pé ou de bicicleta! 🙂

Dia das Crianças pra gente grande e pequena

Foto: Bira Carvalho

Foto: Bira Carvalho

Com quantos anos você se sente hoje?

Estamos em Outubro de 2020, atravessando a pandemia da Covid-19, e nos aproximando do Dia das Crianças, celebrado no Brasil no dia 12 de Outubro, que nesse ano será uma segunda-feira, feriado prolongado, que por conta da Covid-19 pode nem parecer feriado para muitas pessoas. Que tal uma reflexão, de pensar sobre como nós, adultos, temos a oportunidade de vivenciar livremente a criança que existe dentro de nós. Já pensaram nisso?

Nesse cenário, a bicicleta pode ser uma grande aliada para reviver momentos e fazer o que a gente não podia fazer sem autorização prévia dos nossos responsáveis. Pegar a bicicleta e sair pelo bairro, desbravar ruas, curtir o vento no rosto e não ter hora para voltar pra casa.. Agora que somos “gente grande”, podemos fazer o que se deseja, na hora que der vontade  Boralá?

Você já se apropriou da criança que existe dentro de você? Já fez com ela tudo o que você queria que tivessem feito com você? Já liberou sua criança para se divertir e sair pedalando por aí?

Que tal se sentir com 12 anos, com o coração pulsante, com vontade de pegar a bicicleta e sair por aí, pedalar, pedalar, parar numa praça e passar um tempo no gramado olhando o céu e tentando formar figuras com a dança das nuvens? A hora é agora, hora para viver a plenitude da criança que existe dentro de cada pessoa que se tornou “gente grande”.

Feliz Dia das Crianças para nós!

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Após dez meses os Jogos de Bicicleta voltam à ação, confira no site do Museu do Amanhã a programação para o Dia das Crianças e faça a inscrição de suas crianças.crianças.

Boas razões para usar uma Bicicleta Cargueira

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Em um momento em que as bicicletas estão se destacando no mundo em uma explosão de uso e vendas, devido ao enfrentamento à pandemia, vale a pena destacar os benefícios de triciclos e bicicletas de carga também. A TA, desde 2011 vem trabalhando o assunto e vez por outra escrevendo sobre ele. Para facilitar e recordar, fizemos aqui uma compilação de algumas postagens feitas ao longo dos anos sobre o assunto, para que você possa vislumbrar o alcance, a eficiência e a praticidade que estas bicicletas podem oferecer no dia a dia.

Iniciamos republicando aqui, os manuais do projeto City Changer Cargo Bike da European Cycle Logistics Federation que traduzimos e publicamos no final de 2019, que podem ajudar cidadãos, lojistas e até mesmo governos a tomarem decisão consistentes que envolvam o uso de bicicletas e triciclos.

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Promovendo as Bicicletas de Carga. 05/12/2019

A partir daqui, você encontrará diversos artigos sobre bicicletas de carga e triciclos,em ordem cronológica.
Biciclogística na pandemia do Novo Coronavírus. 08/04/2020
Dá pra levar quase tudo na bicicleta. 27/01/2020
Nova onda de SUVs nas ruas do país. 19/12/2018
Em busca de Culturas de Bicicletas de Carga: Rio de Janeiro. 31/08/2018
Bicicletas de Carga em destaque na Eurobike 2018. 13/07/2018
Saiba porque a Bicicleta de Carga é um investimento melhor do que comprar um carro. 26/07/2017
Seis razões porque as Bicicletas de Carga são uma grande ideia. 13/02/2017
Transporte Ativo na Celebração dos 200 Anos da Bicicleta.  20/09/2017
Divulgando as bicicletas e triciclos de carga do Rio para o mundo. 12/01/2017
Ciclo Orgânico e as bicicletas da compostagem. 20/12/2016
O potencial para o uso comercial de bicicletas de carga. 09/09/2016
Bicicletas a serviço das empresas. 26/07/2016
O uso das bicicletas de carga no bairro de Copacabana. 06/10/2014
Bicicletas de carga e ciclovias.  05/06/2014
Bicicletas de carga premiadas. 19/04/2013
Candelária, rota de carga. 18/12/2012
Transporte de Carga e Passageiros. 30/04/2012
Mais bicicletas de carga. 23/02/2011

Nossa pagina sobre o assunto: Bicicletas & Logística.

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Planejamento Cicloviário e os Desafios da Mobilidade no Enfrentamento ao Coronavírus

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Diversas cidades em diferentes países, seguem buscando soluções para a mobilidade em tempos de pandemia e pós quarentenas. Neste cenário as bicicletas tem se destacado e temos apresentado aqui parte dessa busca por alternativas e resultados de pesquisas e levantamentos. No Brasil, embora com intensidade bem menor, cidades também estão planejando neste sentido: Vitória – ES antecipou a implementação de ciclorrotas com o objetivo de incentivar o uso de bicicleta no período pós-pandemia. Belo Horizonte – MG implantou cerca de 30 km de ciclofaixas ligando as regiões leste e oeste da cidade e conectando ciclovias existentes, oferecendo uma opção segura neste momento de pandemia. Niterói – RJ requalificou ciclofaixas, iniciativa pensada como uma resposta aos desafios relacionados à mobilidade.

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Niterói – RJ ……….……….. Vitória – ES ………..………… Belo Horizonte – MG

Na seção “planejamento cicloviário” de nosso Banco de Dados, temos incluído novos manuais que vem surgindo sobre o  assunto. Pra facilitar, estamos publicando estes manuais aqui também.

Brasil – Curitiba – Infraestruturas Provisórias para Mobilidade Ativa – Cicloiguaçu. 
Berlim – Alemanha – Criando Espaços Seguros para Bicicletas em 10 Dias.
Lisboa – Portugal – Plano de Transformação do Espaço Público.
Cidade do México – Ciclovias Emergentes.
Estados Unidos – NACTO · Streets for Pandemic Response & Recovery.
Reino Unido – Gear Change: A bold vision for cycling and walking.
Proposta para NY – The Five Borough Bikeway NY. 

Bicicletas humanizam o patrulhamento por proximidade

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A bicicleta é sem dúvida uma invenção fascinante e muito útil. Por suas qualidades como baixo custo, simplicidade de uso, manutenção e estacionamento; capacidade de carga etc, naturalmente se tornou um veículo de importantes contribuições para a humanidade. Ela tem grande sucesso no uso para mobilidade, esporte, lazer, saúde, trabalho. Suas diversas qualidades multiplicam a utilidade e expandem as aplicações. Assim, a bicicleta também serve à segurança seja pública ou privada. Deslocamento rápido, fácil e aumento da distância percorrida pelos agentes são algumas das virtudes para adoção do nossa querida bicicleta pela polícia, por exemplo. Seja patrulhando, perseguindo criminosos ou atuando em eventos ela é aplicada como uma ferramenta multitarefa dos policiais.
Infelizmente ela também sofre com as falhas de julgamento e desvio de conduta que muitas pessoas praticam e eventualmente é mal utilizada, seja por policiais como por bandidos que as utilizam para assaltar.

A morte de um cidadão norte americano numa ação policial nos EUA motivou protestos intensos em várias cidades americanas. E as imagens do enfrentamento de guardas e manifestantes mostraram algo que muito incomodou quem gosta de pedalar: as bicicletas foram usadas pelos agentes da lei para agredir alguns manifestantes.

Pensando além dos motivos para a reação dos policiais é preciso entender que a bicicleta é utilizada mundialmente como um veículo para o patrulhamento de proximidade. Ao tornar o patrulheiro mais acessível à população incentiva-se uma relação mútua de confiança e parceria com os cidadãos que não se consegue com o uso de veículos motorizados, usualmente mais segregadores e opressores que as bicicletas.

Por outro lado, como os demais dispositivos destinados ao “servir e proteger”, ela infelizmente também pode ser empregada para agredir e oprimir. Não porque ela tenha sido projetada para isso, mas porque em toda decisão há espaço para escolhas boas e ruins.

Com treinamento adequado a bicicleta pode ser uma aliada dos profissionais que ajudam a manter a lei e a ordem combatendo os crimes cometidos pelos bandidos. Mas em uma sociedade mundial que ainda enfrenta o desafio de aumentar a justiça social; a equidade de gênero, raça, credo e os direitos humanos universais, usar bicicletas como arma contra manifestantes é vergonhosamente explicado. Mas não justificado! As imagens dos EUA ilustram bem o erro de julgamento e de metodologia para dispersar aqueles manifestantes.

Cabe a todos multiplicar as boas práticas, reprimir e condenar o mal, sem importar quem o pratica e com qual objeto para evoluirmos como cidadãos e como sociedade. A imagem carismática da bicicleta não será maculada pela violência cometida com ela. Se houvesse um placar mundial ela certamente estaria vencendo no quesito de bom uso. Quem pedala quando pode está sempre fazendo o bem sem olhar a quem.