A bicicleta como alternativa

Metro_bicicleta

O metrô do Rio de Janeiro está em expansão em direção à Barra, as obras já impactam diretamente a circulação no Leblon. Como forma de diminuir os impactos, a Prefeitura e o consórcio responsável pelas obras estão com uma campanha nas ruas para encorajar o uso da bicicleta como alternativa.

Pelos custos e prazos, as infraestruturas metroviárias representam um enorme impacto nas cidades, mas a presença do transporte sobre trilhos ao redor da cidade representa um enorme ganho depois que as obras são concluídas.

De acordo com o consórcio responsável:

A campanha procura não só amenizar os transtornos com as obras, mas deixar um legado importante para a cidade, com menos poluição e mais mobilidade.

Afinal, quem descobre a bicicleta, tende a se acostumar com sua eficiência para os deslocamentos urbanos e a cada ciclista a mais nas ruas, o ganho maior é da cidade.

Por outro lado, a campanha também foi alvo de críticas por conta do texto do cartaz que busca incentivar o uso do transporte público e traz a imagem de um ônibus.

De acordo com Ivan Acciolly, que compartilhou a foto do cartaz, há um grave erro no texto, de se referir ao transporte público por ônibus como alternativa ao metrô. Com isso, dá-se a entender que o metrô não é transporte público.

Essa e outras polêmicas ainda renderão muito assunto. Mas até que os trilhos estejam assentados nos subterrâneos cariocas, o melhor mesmo é seguir tranquilamente de bicicleta pela superficie.

A importância de sonhar

paulicéia BICICLETAS EM SÃO PAULO from Céu D´Ellia on Vimeo.

 

A cidade dos sonhos será construída hoje com visão de futuro e ações que levem ao futuro almejado.

O vídeo acima é da São Paulo dos sonhos, mas em Portland, nos EUA, a Universidade Estadual do Oregon já desenvolve pesquisas para as cidades do século XXI. Iniciativas que trazem perguntas simples, como seu meio de transporte impacta seus padrões de consumo e outras.

Certamente uma das melhores é a que estuda o bem estar entre ciclistas, usuários do transporte público e motoristas em Portland. O resultado é definidor para defesa da cidade dos sonhos. As pessoas mais felizes são as que utilizam de transportes ativos para ir ao trabalho (especificamente os ciclistas e pedestres).

O gráfico acima ilustra, por ordem decrescente os meios de transporte que garantem mais felicidade a seus usuários. Da campeã bicicleta, passando pela caminhada, o ônibus expresso, os bondes modernos, caronas, ônibus comuns e por fim a direção solitária.

Os valores da pesquisa sobre a felicidade dos meios de transporte podem ser vistos aqui, mas o que o mais importante não são os números da pesquisa, mas a metodologia de buscar entender as dinâmicas humanas das cidades.

Carnaval, época de ruas para pessoas

O carnaval no Brasil é o período do ano em que as ruas são devolvidas as pessoas para comemorações e festas.

Ainda assim, as cidades e suas administrações municipais ainda buscam aprender como readequar, ainda que de maneira excepcional, o espaço público para circulação e ocupação exclusiva de pedestres.

O já tradicional carioca molda a cidade semanas antes dos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Os blocos de rua atraem multidões para a festa o que impacta negativamente o fluxo motorizado.

Ciente da importância da festa para seus cidadãos e turistas, a prefeitura do Rio de Janeiro sempre faz campanha pública para que as pessoas priorizem o transporte público e também a bicicleta. photo 2

A enormidade do fluxo humano é ao mesmo tempo beleza e drama. O fluxo carnavalesco é festa, mas dada a quantidade de pessoas que atrai, tem também graves problemas. Para listar o principal deles, resíduos da festa. Seja a serpetina, as latinhas de cerveja ou a urina.

Felizmente os fluxos diários, fora da época de festas são mais equacionáveis, mas precisam levar do carnaval a lição principal, as ruas pertencem as pessoas e é necessário garantir que o espaço público possa ser usado com prioridade absoluta para as pessoas.

A direção e o propósito dos deslocamentos é secundário, seja para festa ou para a ida ao trabalho, as ruas pertecem aos cidadãos e devem ser usadas de maneira eficiente para os diversos fluxos urbanos.

Bicicletário Cultural colaborativo

vila-velha

Bicicletário do Teatro Vila Velha em Salvador.
Foto: Pablo Vieira Florentino

Cidade que optou pela solução moçárabe de construir-se sobre cumeadas artificiais, como nos lembra o grande geógrafo Milton Santos, Salvador é marcada por suas praças em belvedere, sempre debruçadas do alto dos morros ora com vista para o mar, ora para os vales. Dentre estas, apenas uma funciona como pequeno parque de bairro: o Passeio Público de Salvador.

Construído dentro do paradigma da reforma neoclássico-iluminista e da expansão urbana sob o vice-reinado do Marquês de Pombal, o Passeio Público abriga em uma de suas entradas o Palácio da Aclamação, hoje um museu estadual. Dentro dele já se localizou a Galeria Oxumaré, berço do modernismo na Bahia, e hoje fica o lendário Teatro Vila Velha – complexo cultural com dois placos, quatro salas de ensaio, três grupos residentes (entre os quais o Núcleo Vila Dança e o Bando de Teatro Olodum), e que sedia diversos eventos internacionais. Do Velho Vila surgiram nomes como Glauber Rocha, lá estreou Gal Costa, e a frente dele está há décadas o hoje ex-Secretário Estadual de Cultura Marcio Meirelles.

Recentemente, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC) resolveu erradicar as vagas de estacionamento para automóveis que equivocadamente se encontravam dentro da área do parque. Aproveitando esse fato, e aliado a enorme expansão do uso de bicicleta por freqüentadores e funcionários do Teatro Vila Velha, o Coletivo Mobicidade e a Associação Psicólogos do Trânsito e Mobilidade Humana (PATRAMH) resolveram fazer algo a respeito (veja mais sobre a ação).

No entorno do Passeio Público, dia 18 de janeiro à noite (horário de pico de demanda para o teatro), foi realizada a primeira contagem fotográfica de usuários de bicicleta, seguindo a metodologia desenvolvida pela Transporte Ativo; e no dia seguinte, 19, sábado pela manhã, fez-se um mutirão para instalar um bicicletário de seis vagas no local. Em contrapartida, o Teatro Vila Velha tem estabelecido preços promocionais nos ingressos de suas atividades para aqueles que o frequentarem de bicicleta.

A localização do bicicletário é estratégica, não só por ser perto da entrada de serviço do teatro e da rampa de acesso a sua bilheteria, mas também porque libera a visualidade do totem do teatro e a usabilidade do sofá de concreto que pode ser visto na foto. Antes vedado pela presença de automóveis, esta área tem sido sempre freqüentada por grupos de pedestres que se sentam e conversam animadamente, como numa sala de estar, uma vaga-viva permanente.

Mais ainda, é sempre bom lembrar que sendo o Passeio Público uma das entradas para o Circuito Osmar do Carnaval (Avenida Sete de Setembro e Campo Grande), quem quiser pode ir pedalando e guardar a bicicleta dentro dele.

Nota, o post é de autoria do Lucas Jerzy Portela d’O Último Baile dos Guermantes.

Transporte ativo e planejamento urbano

A vida urbana é a organização humana padrão dos nossos tempos. Não é novidade morarmos em cidades, a novidade é morarmos tantos em cidades.

Da pressão por espaço urbano, surge uma cidade que deverá buscar novas e melhores maneiras de se adequar a necessidade de seus moradores. E é sobre o planejamento urbano para essa nova cidade que fala o vídeo acima. E não é coincidência que o autor do vídeo menciona os transportes ativos, nossa maneira preferida de definir todos que dependem do próprio esforço para se locomoverem.

Visto primeiro no Bicyclop.