Grande Fluxo, Baixo Impacto

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As contagens fotográficas feitas pela Transporte Ativo visam acima de tudo dar visibilidade as bicicletas. Durante as tradicionais 12 horas em fotos, estivemos agora na esquina das Ruas Figueiredo de Magalhães e Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Muitas bicicletas eram esperadas e muita gente pedalou por lá. Exatamente 1420 ciclistas computados em uma média de 118 por hora.

Os cliques foram constantes, mas a surpresa maior ficou na comparação com os dados da CET-Rio para o número de deslocamentos em automóvel.

No pico da manhã (para os automóveis) (de 8 às 9 horas)
– pessoas se deslocando por automóvel (considerando 1,4 pessoa por automóvel): 1364
– por bicicleta: 72
– relação ciclistas / automobilistas : 5%

No pico da tarde (para as bicicletas) (17 às 18 horas):
– pessoas se deslocando por automóvel (considerando 1,4 pessoa por automóvel): 1552
– por bicicleta: 192
– relação ciclistas / automobilistas :12%

Ficou muito claro o potencial para o uso da bicicleta. São duas ruas muito movimentadas com trânsito pesado de ônibus e automóveis e sem qualquer tratamento cicloviário. Mas a infraestrutura para as bicicletas está a caminho e 3 meses depois de sua instalação a Transporte Ativo estará de volta, máquinas fotográficas em punho.

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Mais:
– Leia o relatório da Contagem na Figueiredo. (PDF)
– Albúm de fotos.
– Conheça outras contagens fotográficas de ciclistas.

Mudança Volumosa

Ônibus e bicicletas rotineiramente compartilham espaço pelas ruas de qualquer cidade. O código de trânsito brasileiro estabelece que o ciclista deve seguir pelos bordos da pista, exatamente por onde circulam os coletivos no para e anda do embarque e desembarque de passageiros.

A diferença de massa e volume dos veículos coloca essa disputa por espaço em condições desfavoráveis para quem vai de bicicleta. Cria-se assim a necessidade de um maior respeito do motorista pelo ciclista. Foi justamente com essa intenção que o André Pasqualini do Ciclobr ministrou palestras para multiplicadores. A mensagem era simples e visava sensibilizar os motoristas dos ônibus urbanos para compartilhar a rua com os ciclistas.

A idéia é mostrar ao motorista as diferentes posturas do ciclista no trânsito, seu comportamento e as situações que os levam a tomar certas atitudes. Não é uma defesa parcial do ciclista, não é uma classificação de melhor ou pior, mas um estudo para que o motorista, ao cruzar com um ciclista, possa prever suas ações e com isso, tomar ações defensivas mais adequadas.

Entre os ciclistas, as histórias de respeito dos motoristas sempre impressionam e tem sido cada vez mais comuns. Reflexo do treinamento ministrado inicialmente pelo Pasqualini e multiplicado pelas garagens? Fruto da presença constante e crescente de ciclistas nas ruas? Seja como for, os ciclistas agradecem. Seguindo invariavelmente em uma velocidade média maior do que a dos ônibus.

Na parábola da lebre e da tartaruga, a primeira era leve e ágil e a segunda pesada e lenta. Nas ruas a bicicleta é uma lebre que segue devagar e sempre e o ônibus com seu grande casco atinge velocidades mais altas. No entanto nas ruas de qualquer grande cidade não há bandeira quadriculada no final da disputa, apenas semáforos, pontos de ônibus e cruzamentos que dividem os rumos.

– Mais:
– Notícia sobre a “Palestra aos Motoristas de Ônibus de São Paulo” – ciclobr.com.br
As palestras estão disponíveis para consulta e replicação.

Desafios e Conquistas

Acontece hoje em São Paulo o lançamento do livro: “20 anos de Lições no Trânsito – Desafios e Conquistas do Trânsito Brasileiro de 1987 a 2007”. O Autor é João Pedro Corrêa com fotos de Sergio Sade. A obra faz uma radiografia das duas últimas décadas e mostra os avanços e revezes no trânsito brasileiro.

João Pedro é o responsável pelo Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito que já está em sua 18° edição sempre em busca de selecionar trabalhos e iniciativas que colaborem para a diminuição do número de vítimas em nossas ruas e estradas.

O livro será lançado às 19h30 de hoje (07 de julho 2009) no Centro de Exposições da Fecomercio que fica na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista.

Bicicletas em Condomínios

Para que a bicicleta tenha espaço e possa mostrar seu real valor, algumas mudanças são necessárias. A mais lembrada e reclamada é tornar o trânsito mais amigável, impondo restrições aos automóveis e garantindo maior segurança para quem pedala.

Contudo, algumas dificuldades do dia-a-dia são barreiras maiores do que o medo do trânsito.

bicicletas em condomínios

Quem mora em apartamento enfrenta vários problemas para guardar sua bicicleta. Quando há espaço dentro de casa, é complicado entrar com a bicicleta no elevador. Em alguns condomínios, é até proibido. Nos prédios sem elevador, é preciso carregar a bicicleta nas costas. Quando não há espaço no apartamento, na maioria das vezes também não existe lugar para guardar a bicicleta no próprio prédio. Quando existe, é um quartinho entulhado, ou um canto de difícil acesso na garagem.

A mudança que queremos nas ruas precisa acontecer também dentro do espaço onde moramos. Edifícios habitacionais precisam ser projetados com espaço exclusivo para bicicletas, de fácil acesso, onde a bicicleta possa ser colocada e tirada a todo momento, sem dificuldades, por qualquer pessoa de qualquer idade.

Em abril deste ano, a Prefeitura de Nova Iorque aprovou uma emenda à sua resolução sobre edificações, estabelecendo requisitos mínimos para estacionamento de bicicletas em prédios residenciais e comerciais. A emenda propõe que haja no mínimo uma vaga de bicicleta para cada duas unidades residenciais, e apresenta modelos para que os bicicletários sejam construídos segundo padrões de segurança e conforto.

O Department of City Planning (DCP) da Prefeitura de NY reconhece que:

a falta de um lugar seguro para estacionar a bicicleta é o principal fator que impede as pessoas de pedalarem para o trabalho. Além disto, a falta de condições para guardar bicicletas em edifícios residenciais pode fazer com que possuir uma bicicleta seja algo impraticável.

Maiores detalhes na página Zoning For Bicycle Parking, que mostra também uma didática apresentação (ambas em inglês).

As cidades precisam encontrar soluções efetivas e eficientes que possam fazer frente aos efeitos adversos do uso excessivo do automóvel. É necessário repensar o Código de Edificações. É preciso reeducar arquitetos e sensibilizar construtoras. Caso contrário, as vantagens da bicicleta ficam encobertas pela inércia da rotina do dia-a-dia e dificuldades caseiras.

E você? quais problemas enfrenta no seu condomínio?

Encruzilhada Urbana

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Foto André Pasqualini.

Um acostamento a beira da Marginal Pinheiros acabou gerando grande repercussão e um debate dentro da esfera municipal e entre os cicloativistas. A discussão foi além da transformação de uma faixa de acostamento da via expressa em faixa de rolamento.

Vias expressas são locais inadequados para o compartilhamento entre ciclistas e o restante do tráfego, mas para os “apocalípticos” o acostamento acabava sendo o único caminho. E como tem sido notório, o número de ciclistas que pedalam “apesar de qualquer condição desfavorável” tem aumentado constamente em São Paulo.

A evidência da presença crescente das bicicletas nas ruas e a notória imobilidade urbana que acomete São Paulo aos poucos colocam a cidade diante de uma escolha que remete a mesma encruzilhada macroeconomica mundial. Qual o tipo de desenvolvimento que podemos e queremos ter?

Economicamente o automóvel a a indústria automobilística tiveram um importante papel para a geração de riqueza para o Brasil e principalmente para a região metropolitana de São Paulo. Hoje o mesmo dinheiro que fez e faz girar a economia na cidade é responsável pelos congestionamentos que imobilizam a população, independente do meio de transporte escolhido.

Bogotá nos provou que mais do que dinheiro, o desenvolvimento urbano precisa de vontade política para traçar seus rumos. São Paulo e seus administradores precisam decidir se seguem rumo a promoção da qualidade de vida e da mobilidade sustentável ou se irá continuar a ser privilegiada a “Velha Mobilidade” e os efeitos negativos que conhecemos.

Saiba Mais:
Carta Aberta aos Secretários de Transporte e Meio Ambiente da cidade de São Paulo.