Realidade Ciclointervencionista

Explicar fatos e relatar a realidade estará sempre aquém do vivenciar. E a bicicletada é definitivamente um evento que não pode ser traduzido em imagens ou textos. A Bicicletada Paulistana de Novembro teve seu ápice na invasão pacífica de um novo shopping. Em desacordo com a legislação municipal vigente, o centro comercial não foi inaugurado com o bicicletário.

Antes da bicicletada, uma única ciclista e a Folha Online não conseguiram estacionar uma única bicicleta. Para deixar a mensagem ainda mais clara, a massa de mais de 200 ciclistas adentrou o estacionamento em ritmo de festa, cantou clássicos hinos e novos gritos de guerra e voltou as ruas. Pairou o mistério nos seguranças, sem entender aquele movimento sem líderes e que da mesma forma que entrou, saiu. Mas o poder da massa ficou claro e espera-se que novos centros comerciais não mais sejam inaugurados sem respeitar a legislação em favor dos ciclistas.

Promover o uso da bicicleta pode ser feito de diversas formas. No Rio de Janeiro a Transporte Ativo buscou a diplomacia para convencer os shoppings a cumprirem a lei e terem infraestrutura para bicicletas. Em São Paulo a voz sem líderes da bicicletada tem sido uma grande responsável por dar visibilidade as bicicletas e também pressionar para que os ciclistas sejam vistos e respeitados.

—-
Saiba mais sobre a Bicicletada Paulistana de Novembro de 2009

Desejos Femininos

5931

O conceito de “mais mulheres em mais bicicletas mais vezes” é central para o bom planejamento cicloviário. Diversos estudos apontam que elas tem maior aversão ao risco e portanto preferem sempre rotas mais seguras. Mas além disso são elas que fazem mais viagens “utilitárias”, pedaladas até o supermercado, até a escola, a creche…

Uma outra variável tem um papel fundamental em conquistar mais mulheres para o uso cotidiano da bicicleta. Homens apresentam maior facilidade no que se refere a “não precisar de um carro”, mas ainda é papel feminino um número maior de viagens que tem “funções domésticas”. A igualdade entre os sexos ainda não é completa e mesmo com ajuda masculina em casa, as preocupações com administrar uma casa ainda pesa mais para as mulheres.

5932

Para além do feminismo ou de disputa entre os gêneros, nossas cidades tem muito a aprender com o que querem as mulheres. A bicicleta é o veículo ideal para adequar o espaço dos pedestres nas cidades. Já as mulheres são a “espécie indicadora” no que tange melhorias cicloviárias e quanto mais fácil for para elas optar pelas pedaladas, melhor será para todos os ciclistas, sem distinção de gênero.

5933

—-
As três fotos de uma mãe em Copacabana nesse post ilustram o papel da bicicleta no cotidiano feminino e o potencial para que mais ciclistas ganhem as ruas do bairro. As duas primeiras imagens foram captadas durante a realização da Contagem de Ciclistas na rua Figueiredo de Magalhães.

Mais informações disponíveis em inglês no artigo da Scientific American de Outubro intitulado: How to Get More Bicyclists on the Road

Daqui para Frente

DMSCRJ09

O Dia Mundial sem Carro (DMSC) começou na Europa e se espalho. Hoje é uma iniciativa de âmbito mundial que acontece em milhares de cidades. Para os europeus o 22 de setembro deixou de ser um dia e tornou-se a Semana da Mobilidade. Mas a idéia central permanece, um período delimitado do ano em que possam ser feitos ensaios e divulgados conceitos aplicáveis diariamente.

No Rio de Janeiro o 22 de setembro tem ganho notoriedade ao longo dos anos e esse ano sociedade civil e prefeitura se uniram para chamar a atenção para um conceito fundamental para o futuro das cidades, o uso racional do espaço urbano para a circulação. O melhor da iniciativa no entanto é que os efeitos irão perdurar para além do dia 22. As ruas internas de Copacabana irão ter o limite de velocidade reduzido para 30 km/h uma proposta feita pela Transporte Ativo e encampada pelo poder público municipal. Medida que beneficiará imensamente a compatibilização de fluxos em um bairro que não comporta mais automóveis dada a sua enorme densidade.

Um importante exemplo no entanto foi dado pela prefeitura para que o carioca abrace a idéia do Dia Mundial sem carro. Nos prédios do município só poderão estacionar os veículos operacionais. O exemplo dos servidores municipais (incluindo o prefeito) tem certamente grande potencial de influenciar a população a deixar o carro na garagem em um dia simbólico.

Haverá também restrições ao estacionamento de automóveis no centro da cidade, aumento da frota de ônibus circulando e diminuição nos intervalos do metrô, trens e barcas.

—-
Saiba Mais:
As Zona 30 de Copacabana
Um Histórico do DMSC por Willian Cruz.

Notícias na Mídia:
Rio de Janeiro sem Carro – O Eco
Rio terá Dia Mundial sem Carro com estacionamento proibido no Centro – g1.com.br

Desafio em Nome da Diversidade

DSC00048

Largada do Desafio Intermodal 2007. Foto das 17:59

Mais uma vez a pergunta se repete. Qual o meio de transporte mais eficiente para ir e vir em uma grande cidade? Hoje será a IV Edição do Desafio Intermodal Carioca. Um teste prático a ser realizado nas ruas. Da Central do Brasil no centro da cidade à Praça Antero de Quental no Leblon, Zona Sul. Aproximadamente 15 quilômetros serão percorridos com largada às 18 horas.

A grande novidade em 2009 é que a imprensa já começou a cobrir o evento antes da sua realização o que é um bom indicador para a visibilidade que essa simples iniciativa conseguiu alcançar. O resultado não deve fugir ao esperado com a comprovação evidente da eficiência energética e econômica da bicicleta, com as óbvias vantagens de ser amiga do meio ambiente.

DSC00083

Chegada do DI em 2007. Foto as 19:23

Trânsito do Rio será circuito de desafio entre meios de transporte
Desafio testa qual o melhor meio de transporte urbano a ser usado no Rio

Confira como foi a III Edição do Desafio Intermodal Carioca.

Mais sobre Transporte Intermodal no Blog.

A Revolução Será Pedalada

Uma revolução está a caminho. Cada bicicleta que ganha as ruas, deixa para trás a poeira, a escuridão das garagens. Toda bicicleta que gira e faz do ar estático vento no rosto de quem pedala é o sinal da mudança em curso. Cada caixa de papelão deixada para trás faz eco a liberdade do novo ciclista.

O elo da corrente que puxa a catraca por mais um dente faz o som do mundo que muda. A sineta tocada traz consigo as boas novas em movimento. O pedal empurrado levanta seu oposto e gera o círculo virtuoso da mudança. As rodas que giram levam em cada selim as mulheres e os homens do futuro. A revolução acontece a cada pedalada.

“Seja pela tendência estética ou pela mensagem ambientalista, as bicicletas como meio de transporte trazem consigo um estilo de vida e um discurso que irá mudar a cara da indústria (de bicicleta).”

A constatação acima foi publicada na revista Bicycle Retailer – Transportation Bikes Take Flight at Retail. A matéria mostra que a aceitação das bicicletas para transporte no mercado tem sido cada vez maior. E o aumento de vendas se traduz na criação de uma nova marca pela Specialized, na aquisição da pequena Breezer pela tradicional Fuji ou na Raleigh que deixou de lado as MTB e Speeds e se concentrou nas bicicletas urbanas em 2009.

Mudanças de paradigma demoram para acontecer e são fabricadas aos poucos. Momentos de crise costumam ser também janelas de oportunidade para os que tem mais visão comercial e sabem explorar as possibilidades de um futuro sempre incerto. A indústria mundial de bicicletas cada dia mais tem buscado se antecipar as tendências e jogar de acordo com as novas regras econômicas que estão sendo postas pelas mudanças comportamentais em curso.

Da mesma maneira que durante os anos 1990 as bicicletas todo o terreno revolucionaram o mercado. As bicicletas para transporte representam uma nova tendência comercial e uma revolução comportamental muito maior do que foi o nascimento do esporte Mountain Bike.

– via bikeportland.org

—–
Mais no blog:
Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas
Mercado de Bicicletas no Brasil