Apresentação do Perfil do Ciclista Brasileiro

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A primeira pesquisa brasileira sobre o perfil dos ciclistas urbanos com abrangência nacional será lançada no dia 26 de novembro no Rio de Janeiro.

Estarão presentes todas as organizações que tornaram esse projeto possível. Representantes  de Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo irão encerrar a apresentação da pesquisa com um pequeno balanço dos resultados locais.

O dia no entanto começa cedo. Após as devidas boas vindas e apresentações, “A importância dos dados para a promoção do uso de bicicletas“, palestra de Jonas Hagen, pesquisador da Universidade de Columbia University, consultor e conselheiro da T.A.

Juciano Rodrigues do Observatório das Metrópoles e Victor Andrade do Laboratório de Mobilidade Sustentável PROURBE – UFRJ irão fazer um balanço geral com “A Pesquisa Perfil do Ciclista e seus Dados“. Na sequência, Zé Lobo apresenta as médias nacionais.

Saiba mais:

A pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro é uma iniciativa da Transporte Ativo com patrocínio do Itaú e equipe técnica do PROURB – UFRJ e Observatório das Metrópoles. As organizações parceiras foram Ciclourbano (Aracaju), BH em Ciclo (Belo Horizonte), Rodas da Paz (Brasília), Pedala Manaus, Mobilidade Niterói, Mobicidade (Porto Alegre), Ameciclo (Recife), Bike Anjo SalvadorCiclocidade (São Paulo) e União dos Ciclistas do Brasil.

Como fazer cidades coletivas e divertidas

Produzir espaços urbanos de interação social é o objetivo de qualquer cidade que funcione em prol das pessoas. Mas o desafio ainda está por ser vencido.

Um exemplo de interação social mediada por dispositivos móveis é o aplicativo Swarm, iniciativa da empresa Foursquare para que as pessoas possam brincar e competir pela supremacia de estabelecimentos e marcos urbanos. O jogo se desenvolve com dois objetivos, um na escala entre amigos, outro na escala urbana tendo desconhecidos como adversários. Basicamente é preciso visitar lugares e pela pontuação dessas visitas, superar o ranking de pontuação dos amigos. A outra competição é pelo troféu da “prefeitura”, ou posse, de qualquer um dos lugares mapeados na cidade.

Todo o jogo, alimenta o banco de dados do desenvolvedor, que assim pode comercializar publicidade e serviços direcionados e qualificar a plataforma de curadoria de estabelecimentos Foursquare.

Jogos no contexto urbano

Utilizando o mesmo conceito do jogo via celular, é possível imaginar usos para além da simples diversão. Foi exatamente o que fez o artista Thomas Laureyssens na cidade de Gante na Bélgica.

Como projeto na Universidade de Gante, Thomas utiliza jogos,  intervenções lúdicas e ferramentas de participação para promover espaços urbanos de interação social. A novidade está em utilizar a diversão como balão de ensaio na construção coletiva de cidades.

Moradores de dois diferentes bairros competiram durante um mês para ver qual grupo fazia mais pontos durante uma semana.  A pontuação era sempre dada individualmente, mas o número de pontos em geral aumentava nas interações coletivas. A soma do total obtido pelos moradores do bairro dava o ranking geral.

Um vídeo no TEDxGhent explica a iniciativa:

Cidades colaborativas

Exemplo máximo de jogo de planejamento urbano, SimCity é basicamente a construção de cidades ditatoriais. O jogador é um tirano vitalício que concede benesses e modifica o espaço ao seu bel prazer. Os habitantes são apenas dificuldades algorítmicas, protestam quando determinadas condições pré-programadas pelos desenvolvedores dos jogos não são satisfeitas.

O modelo SimCity quando aplicado à realidade se transfigura quase à perfeição na cidade de Dubai, ou até mesmo no plano urbanístico de Lucio Costa para Brasília. A necessidade urbana atual envolve necessariamente democracia participativa, exatamente por isso o jogo precisa ser colaboração e trabalho coletivo.

Dos tabuleiros e telas para as ruas

Uma excelente comparação entre diversão e possibilidades tecnológicas para a construção de cidades sustentáveis é o Transport Tycoon, atualmente disponível para dispositivos móveis e em uma versão aberta e colaborativa chamada OpenTTD. O objetivo do jogo é operar uma empresa de logística levando insumos, bens e pessoas entre os destinos. Assim como na realidade, o transporte sobre trilhos e a cabotagem são as maneiras mais eficientes de levar alguma coisa de um ponto a outro.

Ferramentas de eficiência logística hoje estão disponíveis para que sejam possível organizar e otimizar frotas de transporte. Sejam centros de operação e controle (CCO) de trens metropolitanos, sejam ferramentas como o Apache Hadoop, capaz de armazenar uma enorme quantidade de dados georreferenciados para promover melhores serviços logísticos.

Tempo e espaço são, afinal, apenas dados. Seja na realidade dos pixels ou na concretude terrena.

Jogos e cidades, fronteira de possibilidades

A integração entre jogos, cidades e planejamento urbano é ainda um horizonte de possibilidades a ser desbravado. Mas o entendimento do ser humano como animal lúdico e competitivo, nos permite vislumbrar usos e possibilidades para interação e colaboração de maneiras cada vez mais adequadas para a cidade ideal das pessoas.

 

Sabia mais:

The Future of the City: Crowd-Sourcing & Gamification for City 2.0
The Mathematics of Gamification – Foursquare
Play social in the city – Thomas Laureyssens

De volta para o futuro de utopias

O futuro está sempre preso a nossa capacidade de imaginação e esta, reside firme no presente. Talvez a maior dificuldade da arte da ficção científica seja vislumbrar um por vir  menos centrado em avanços tecnológicos cercado de distopias.

A mensagem geral é de que a humanidade é um projeto biológico que falhou. Certamente falhamos, principalmente em nossa capacidade de sonhar com utopias. Mas sempre é tempo de desbravar caminhos.

Para imaginar o futuro de São Paulo

Um projeto quer desencavar rios, primeiro de maneira simbólica, para em seguida promover as modificações físicas necessárias. A cidade deve voltar a ser azul, da cor da água de seus mais 300 km de rios espalhados por mais de 4.000 km de extensão.

 

A premissa é simples, é preciso ver para cuidar. Mas antes mesmo de ver, é preciso imaginar e aí entram as utopias. Uma utopia com mais natureza, árvores urbanas, permacultura, criatividade, convivência, espaço público.

Felizmente pequenas ações já podem nos ajudar a definir caminhos e sonhar com paraísos terrenos. A promoção ao uso da bicicleta e o cicloativismo é um desses caminhos, as hortas urbanas e todo uma organização em torno do trabalho que não está centrado no dinheiro, mas na dedicação voluntária pela transformação do entorno. Ao mesmo tempo, até na Fernando de Noronha já está com bicicletas em seu território. Foi o arquipélago brasileiro que inspirou Thomas More a conceber sua ficção “Sobre o melhor estado de uma república e sobre a nova ilha Utopia”, conhecida simplesmente como Utopia.

Valores desastrosos, escolhas equivocadas e mau comportamento são características que podem levar sociedades ao colapso, histórias de fracassos e sucessos ao longo do tempo ajudam a rever o passado com uma noção clara da importância das encruzilhadas de escolhas com as quais nos deparamos diariamente.

Mobilizar a comunidade local para agir em uma praça, redecorar uma esquina ou redesenhar espaços públicos e parte fundamental para que os não-lugares de nosso presente quase distópico tornem-se no futuro a realização de sonhos.

Saiba mais:

Cidade Azul (ajude a financiar no Catarse)
City Repair Project: Portland Gems and Growing Pains
Começa o projeto Bike Noronha, a ilha tem bicicletas públicas com uso grátis

Livros:

Colapso – Jared Diamond
Nowtopia – Chris Carlsson

Retrato de um Brasil que pedala

Foto: Felipe Baenninger/ Projeto Transite

Foto: Felipe Baenninger/Projeto Transite

A interpretação dos dados  da pesquisa do perfil do ciclista brasileiro é trabalho árduo que ainda está sendo feito. Da junção da crueza dos números com um olhar atento afloram conclusões, tendências e principalmente caminhos traçados e rumos para o futuro.

Dez cidades em todas as regiões do Brasil compõe o retrato da média nacional, sendo que apenas Niterói não é uma capital. Além da maior cidade do interior fluminense, somam-se Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Tempo e frequência de uso da bicicleta

Num comparativo que exclui o Rio de Janeiro e São Paulo (já analisadas), destaque para a capital pernambucana,  que praticamente não teve ciclistas esporádicos, 89.6% das pessoas entrevistadas utiliza ao menos 5 vezes por semana a bicicleta.

De maneira geral o planejamento urbano para bicicletas foca no usuário que cumpre distâncias curtas de até 5 quilômetro, as que podem ser pedaladas em cerca de 20 minutos. Os dados nacionais mostram a preponderância desse tipo de uso Brasil afora.

tempoNo tempo de deslocamento, Recife e Niterói apresentam percentuais que se destacam da média nacional, o uso da bicicleta para deslocamentos entre 10 e 30 minutos é preponderante, são cerca de 64% das pessoas entrevistadas em ambas as cidades que pedalam nesse intervalo.

Chama atenção ainda, a inexistência de deslocamentos acima de 1 hora em Niterói e o baixo número no Recife (1,6%), face a média nacional de 4,8%. Salvador no entanto puxa o resultado geral para cima, com 8,6% que pedalam mais de 60 minutos em seus trajetos principais. Em geral um número de deslocamentos longos expressivo indica sobretudo deficiências no transporte público somado a grandes distâncias urbanas.

Bicicleta e integração intermodal

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Brasilia é a cidade da integração Bicicleta com o transporte público. São 51,7% das pessoas entrevistadas que combinam o pedal a algum outro meio de transporte. Já em Manaus 98,3% cumprem os trajetos pedalando de ponta a ponta e irrisórios 0,7% faz alguma integração. Em Niterói, os números são quase  o exato oposto de Brasília, 51,7% não integra a bicicleta a outros meios, enquanto 41,7% combinam o pedal com outro meio de transporte.

Integração bicicleta-trem em Brasília. Foto: Rodas da Paz

Integração bicicleta-trem em Brasília. Foto: Rodas da Paz

 

O nível de instrução do ciclista brasileiro

Em Manaus impressiona o número dos sem instrução: 10,6%. Já em Niterói o percentual de pessoas com ensino superior completo está próximo à média nacional de 23,4%, enquanto na cidade o total foi de 21,8%, chama a atenção no entanto os 16,1% com pós-graduação.

Em Porto Alegre 39,3% tem o ensino médio completo, número idêntico ao dos que cursaram o ensino superior.  Em Recife o percentual mais alto é de pessoas com formação fundamental, 41,8%, quase o dobro da média nacional de 22,8%, já os de que tem o ensino médio é bem próximo ao número geral levantado nas demais cidades, média geral de 42,5% enquanto a capital de Pernambuco o número é de 38,2%.

Perfil de renda do ciclista brasileiro

Quanto à faixa de renda, duas capitais nordestinas tem um perfil de renda bastante similar, com a maioria absoluta com rendimentos mensais de até 2 salários mínimos. Sendo 73,8% em Aracaju e 72,% no Recife. Salvador apresentou uma distribuição um pouco diversa, com 55,8% nessa faixa de renda, número similar a Manaus, 59,9%. A média nacional ficou nos 65,3%.

Brasília apresentou um recorte mais diverso, com as faixas de renda distribuídas de maneira mais diluída com destaque para os 16,6% dos sem renda, número que está de acordo com o grande número de jovens entre os 15-24 anos (38,1%), acima de todas as outras cidades incluídas na pesquisa e quase o dobro da média nacional (20,1%).

Um perfil de quem usa a bicicleta no Brasil

Confira o comparativo com os dados do perfil dos ciclistas das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e do Brasil.

Faça o download das planilhas:

Dados preliminares do Perfil do Ciclista Brasileiro (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Aracaju (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Belo Horizonte (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Brasília (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Manaus (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Niterói (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Porto Alegre (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista do Recife (pdf)
Dados preliminares do Perfil do Ciclista de Salvador (pdf)

Um perfil de quem usa a bicicleta no Brasil

Estão disponíveis os primeiros dados da pesquisa “Perfil do Ciclista” que irá traçar um panorama de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte no Brasil. Ainda preliminares, os dados já dão um grande panorama sobre quem já pedala e nos ajuda com pistas para que mais pessoas escolham pedalar.

A maioria dos ciclistas brasileiros entrevistados tem entre 25-34 anos, concluiu o ensino médio, recebe até 2 salários mínimos, pedala até 30 minutos no seu deslocamento principal, não se envolveu em incidentes de trânsito recentemente e, principalmente, gosta de pedalar. A  bicicleta é o principal meio de deslocamento das pessoas ouvidas que pedalam no mínimo 5 dias por semana de porta a porta, sem integrar com qualquer outro meio de transporte.

– Confira os resultados preliminares da pesquisa nacional do perfil do ciclista 2015.

Rio de Janeiro, cidade que ama pedalar

Dos dados preliminares do Rio de Janeiro, o que salta aos olhos é a frequência com que as pessoas entrevistadas pedalam. Cerca de 81,2%  utiliza a bicicleta no mínimo 5 vezes por semana. Desse total 37,20%  pedala de domingo à domingo, 27% utiliza 5 vezes por semana e 17% pedala 6 dias por semana.

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As pessoas que usam a bicicleta no Rio são em sua maioria jovens entre 25-34 anos (27,7%). Já 21,9%  tem entre 35-44 anos e 19,4% 15 a 24 anos.

Em relação à renda 59,8% recebe até 3 salários mínimos. Sendo 30,7% entre 1 e 2 S.M., 16,2% de 2 a 3 S.M. e 12,9% até um salário.

A integração modal é mais representativa do que na média nacional, com 34,5% das pessoas utilizando a bicicleta somada a outro meio de transporte.

Na variável tempo, 83,6% utiliza a bicicleta para deslocamentos de até 30 minutos. Sendo 56,6% mais de 10 e menos de 30 min. e 27% pedala no máximo 10 min. em sua viagem mais frequente.

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São Paulo vive revolução cicloviária que precisa alcançar a periferia

Um olhar específico sobre as cidades mostra a diversidade local e também algumas consistências em relação aos dados nacionais. Nos dados preliminares de São Paulo, chama a atenção o desejo por mais infraestrutura e como o aumento da malha cicloviária impulsionou o uso da bicicleta. O levantamento conduzido pela Ciclocidade já nos traz reflexões que estão além dos números.

Como forma de melhorar seus deslocamentos diários, 50% dos entrevistados sugerem a implantação de mais vias exclusivas para ciclistas na cidade. Já dos entrevistados que disseram nunca usar ciclovias em suas viagens, 80% estão na periferia.

Sobre quando a bicicleta começou a ser usada como meio de transporte, dois extremos se destacam entre as respostas: 29% dos entrevistados pedalam há mais de 5 anos, enquanto 19% há menos de 6 meses. O alto número de “novatos” pode se dever à influência da expansão da malha cicloviária na cidade – nas áreas central e intermediária, praticamente 40% dos ciclistas começou a pedalar há menos de um ano.

Com relação à renda, quase 40% dos ciclistas da capital paulista ganham entre 0 (sem renda) e 2 salários mínimos (R$ 1.576).

Com relação a faixa etária, também quase 40% dos ciclistas têm entre 25 e 34 anos. Ciclistas entre 35 a 44 anos compõem a segunda faixa etária mais presente, com cerca de 27%.

Mais de 70% dos ciclistas afirmam usar a bicicleta pelo menos 5 vezes por semana, indicando que a bicicleta é, de fato, o principal meio de transporte para muitos paulistanos. Este resultado se repete entre homens e mulheres.
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O tempo dos deslocamentos em São Paulo mostram a distribuição espacial da cidade das longas distâncias. Ainda que 54,2% pedalem entre 10 e 30 minutos, 29,2 % pedala entre 30 min e uma hora. A longa distância entre os locais de moradia e os de emprego e estudo é certamente o maior drama paulistano, mais um que a bicicleta ajuda a contornar.

SP-preliminares-tempo

Em breve iremos publicar também os dados preliminares das outras cidades.

Faça o download das planilhas:

Saiba mais:

Quem são os ciclistas brasileiros
Quase 75% dos ciclistas de São Paulo pedalam em área sem ciclovia
Maioria dos ciclistas do Rio são de baixa renda