Mapa Cicloviário Unificado do Rio de Janeiro

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Uma habilidade fundamental do ser urbano é ter um mapa mental minimanente completo de sua cidade. Mais do que conhecer nomes de ruas e avenidas, saber navegar por elas mantendo um rumo. Cada cidadão tem seus marcos de orientação, seus trajetos e vivencia a cidade dentro da sua própria dinâmica.

Ciclistas tendem a vivenciar a cidade de maneira distinta, e como ainda são um grupo minoritário nas ruas brasileiras, tem uma tendência colaborativa natural. É um caminho lógico portanto que existam mapas da cidade feito por ciclistas e para ciclistas.

O Rio de Janeiro ainda não tem uma versão completa de rotas recomendáveis, nem tão pouco um mapa unificado que inclua todas as ciclovias e pontos de interesse do ciclista. Para corrigir essa deficiência, a Transporte Ativo buscou unificar os mapas colaborativos disponíveis na internet ao mapeamento da infraestrutura cicloviária carioca disponível em nosso site.

Em conversa com os desenvolvedores destes mapas, o Arlindo Pereira, Marcos Cavalcanti, Rodrigo Abreu e Zani, chegamos a conclusão que unir todas as informações em um só mapa seria maravilhoso.

Era hora de começar a criar um mapa unificado de consulta pública, bastaria apenas organizar os dados, criar um grupo de trabalho com os que já iniciaram seus mapas e aos poucos incluir novos colaboradores. Estabelecemos padrões, nomenclatura, simbolos e informações

O resultado ainda é um processo em produção e os cariocas estão convidados a participar. Basta se inscrever no grupo de discussão sobre o tema, para saber como proceder, e colocar a mão na massa. A idéia é juntar em um único mapa as melhores vias de circulação além de pontos de apoio e estacionamentos.

O trânsito é uma ciência humana

Paris irá testar uma nova medida para aumentar a segurança dos ciclistas que a cada dia mais se multiplicam pela cidade. Quem estiver de bicicleta não irá precisar parar em determinados cruzamentos semaforizados. Em outras palavras, na cidade luz, quem estiver de bicicleta será permitido por lei a fazer o que todo ciclista mundo afora faz, avançar o sinal vermelho em nome da própria segurança.

A medida é uma maneira de aumentar a segurança dos ciclistas, e não há nenhuma contradição na idéia. Ciclistas circulam pelas cidades em um universo próprio, fortes demais perante o pedestre, frágeis demais diante dos motorizados. Uma cidade que pensa nos ciclistas e na sua segurança precisa incorporar um pouco da lógica de circulação da bicicleta.

De acordo com as autoridades de trânsito parisiense, permitir que os ciclistas avancem no semáforo vermelho irá garantir maior fluidez para as bicicletas e evitará que se forme um grande massa de ciclistas saindo ao mesmo tempo junto com os carros.

A verdade é que, apesar do que diz a legislação de trânsito, ciclistas não gostam de sinal vermelho e em nome da própria segurança muitas vezes desrespeitam as convenções semafóricas. Dois motivos simples justificam a iniciativa, evitar a “largada” junto com os carros e também buscar pedalar em paz no quarteirão seguinte.

Dito de outra forma, um ciclista consciente ao avançar o sinal vermelho evita a ameaça de veículos motorizados arrancando em velocidade e ao mesmo tempo consegue circular um trecho depois do cruzamento sem ter que lidar com os motorizados. Tudo isso ainda mantendo o momento, isso é, maximizando a própria energia.

Uma animação explicativa, ajuda a entender a importância da conservação de movimento para o ciclista. E além disso, deixa claro que pela dinâmica da bicicleta, é perfeitamente seguro que ao invés de respeitar a indicação de parada obrigatória, como os veículos motorizados, o ciclista deve dar a preferência.

Leia mais: Pela manutenção da lei da inércia

Planejar cidades para pessoas é sair dos padrões rígidos da engenharia de tráfego que priorizam normas e métodos em detrimento da autogestão e responsabilidade dos diferentes agentes no trânsito. As regras de trânsito foram concebidas para promover e garantir a segurança das carruagens motorizadas popularizadas ao longo do século XX. Vivemos um tempo em que a prioridade urbana voltou a ser das pessoas e a iniciativa parisiense é mais uma nesse sentido.

Humanizar as ruas é priorizar os vulneráveis em detrimento dos mais fortes, é promover a interação humana no trânsito em detrimento da fé cega na sinalização. É treinar o olhar para entender as pessoas ao invés de impor o comportamento normatizador. Por mais pessoas em mais bicicletas mais vezes, de maneira mais segura.

Com informações de The City Fix – Paris to Allow Cyclists to Run Red Lights

Bicicletários nas ruas

Uma boa novidade já está presente nas ruas de Nova Iorque, são bicicletários públicos instalados nas esquinas. Uma idéia simples com benefícios secundários que favorecem a segurança viária em geral.

As doze ou quinze bicicletas paradas além de facilitarem a vida dos ciclistas, aumentam e muito a visibilidade nos cruzamentos, contribuindo para que todos os condutores possam interagir melhor. Além disso, por ser na rua, o bicicletário garante a total segurança e conforto dos pedestres que ficam livres das bicicletas estacionadas de maneira improvisada em postes e no mobiliário urbano.

Repensar a mobilidade e o uso do espaço público passa por pequenos e grandes detalhes. Um bicicletário em uma esquina é um excelente projeto piloto para repensar as cidades, quando estacionar bicicletas nas ruas torna-se política pública é o sinal definitivo de que a cidade está mudando em favor dos cidadãos.

O Rio de Janeiro já conta com bicicletas públicas estacionadas nas ruas, uma solução que a Transporte Ativo apóia desde sempre, continuaremos a colaborar para que essa idéia cada vez mais seja entendida e apoiada pelos gestores de trânsito.

Bicicletas estacionadas

As contagens de bicicletas continuam, desta vez estacionadas. Com o aumento de bicicletas circulando, aumenta a necessidade de locais para estacioná-las.

Para ter uma idéia de quantas são e onde instalar bicicletários, a Transporte Ativo foi a campo, com patrocínio do Banco Itaú, para contar as bicicletas estacionadas no principal corredor comercial de Leblon, Ipanema e Copacabana, bairros com o trânsito já bastante comprometido e com um volume de uso de bicicletas que vem crescendo a cada dia.

Algumas medidas para facilitar o estacionamento de bicicletas já vem sendo tomadas, na cidade do Rio de Janeiro, como a resolução SMAC 438 para pedidos de bicicletarios e o decreto 34481 que libera o estacionamento de bicicletas em postes. Mas ainda há muito a ser feito e esta contagem é apenas mais um passo nesta busca por estacionamentos práticos e seguros para nossas bicicletas.

Baixe o relatório aqui, ou clicando na imagem acima.
Conifra o Álbum de Fotos.

Mais sobre contagens no blog.

O futuro das ciclorrotas

A mobilidade urbana é um sistema complexo que muitas vezes está além da capacidade de resolução linear a qual estamos acostumados. A solução está sempre além do óbvio. Por exemplo, quanto mais investimentos no sistema viário para automóveis, maiores os congestionamentos. Ou seja, veículos motorizados tendem a se comportar como os gases, ocupam todo o espaço que lhes é disponibilizado.

É preciso, antes de mais nada, rever a maneira de encararmos o problema e prover incentivos corretos. E em um sistema complexo e consolidado, como a mobilidade urbana, não há fórmula ou manual simples que possa ser replicado de maneira universal. Cada cidade tem sua lógica e cada bairro é um pequeno universo.

O caminho da experimentação paulistana em prol das bicicletas define-se aos poucos. A iniciativa recente mais clara e emblemática foi a criação das ciclofaixas de lazer, uma vitrine para a bicicleta e acima de tudo um celeiro de novos usuários. Sucesso estrondoso, a iniciativa tem sido ampliada. Ao mesmo tempo em que deu visibilidade e projeção à bicicleta, possibilitou o florescimento de mais e melhores iniciativas à favor dos ciclistas.

A vitrine da ciclofaixa de lazer funciona ao que se propõe, mas por ser uma infraestrutura que funciona apenas aos domingos e feriados, não contribui diretamente para a resolução do problema da mobilidade urbana. Daí surgem as ciclorrotas, basicamente a sinalização que legitima o fluxo de bicicletas. Ao mesmo tempo convidando o ciclista a percorrer as ruas de menor tráfego motorizado e alertando aos condutores sobre a preferência da bicicleta na via.

Ciclorrotas, no entanto, estão circunscritas à ruas de bairro em que o trânsito motorizado é menos carregado. Em vias em que o fluxo e a velocidade dos automóveis é maior, torna-se necessária uma ciclofaixa. Através da confluência de ambas as iniciativas São Paulo começa a intervir de maneira direta para facilitar e incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte no dia a dia.

O próximo passo está em aberto e, como anteriormente, não há solução pronta, será necessário medir resultados e definir rumos. Seja qual for o caminho escolhido e qual a infraestrutura o sinalização a ser implantada nas ruas de São Paulo, é preciso coibir o abuso de velocidade e a imprudência. Como no vídeo que ilustra esse post, é preciso incutir nos condutores paulistanos a incerteza que obriga a negociação.

Ciclofaixas, ciclorrotas ou qualquer sinalização no sistema viário em favor das bicicletas só irá surtir o devido efeito quando estiver presente a negociação entre os diferentes atores dentro do espaço de circulação. São Paulo optou pela publicidade em favor do respeito ao pedestre e pela legitimação da presença do ciclista na rua, são apenas os primeiros passos. Em breve será a hora de intervir no asfalto para que o fluxo nas ruas seja feito de menos arroubos de velocidade e de mais negociação fluída.

Leituras para ampliar visões:
Os sete mandamentos cicloviários.
Ruas mais tranquilas e ciclorrotas.
As mudanças em curso em Moema e suas ciclofaixas.