222 ciclistas por hora

Em um único cruzamento em Aracaju foram contadas pela CicloUrbano 2.880 ciclistas em 13 horas. A média rima com música do Gilberto Gil, um “expresso” de 222 bicicletas por hora.


Desse expressivo total, 24% parte direto para a Avenida Beira Mar e começa a circular desde cedo, com 323 ciclistas entre 7 e 8h, em todas as direções. Mas o pico maior do cruzamento das Av. Augusto Franco com Av. Gonçalo Rollemberg Leite é no período entre 17 e 18h, com um total de 554 ciclistas.

O levamento já foi repassado as autoridades locais e ajudam a deixar clara a necessidade de garantir a segurança e o conforto dos ciclistas no local. Afinal, apenas 4% das bicicletas eram conduzidas por mulheres, ou 123 ciclistas e como foi constatado no Rio de Janeiro, no treinamento do qual a CicloUrbano participou, infraestrutura cicloviária contribui para a igualdade de gênero no uso da bicicleta.

Os resultados dessa e de outras contagens de ciclistas estão disponíveis aqui.

Como duplicar o número de mulheres pedalando

Contagem coletiva na Figueiredo Magalhães

Contagem coletiva na Figueiredo Magalhães

Como parte das atividades do Workshop: “A Promoção da Mobilidade por Bicicleta no Brasil”, foi realizada uma contagem de ciclistas em um dos mais movimentados cruzamentos da cidade.

Na esquina da avenida Nossa Senhora de Copacabana com a rua Figueiredo de Magalhães a contagem em 2009, antes de qualquer infraestrutura cicloviária, contabilizou 1420 ciclistas. Sendo 91, ou apenas 6%, mulheres.

Esses números representaram que o fluxo de bicicletas na manhã era de 5% do trânsito motorizado e de 12% no pico da tarde.

Já em 2013 foram contabilizados 1528 ciclistas, um aumento de 7,5%. Dentre esse total, 210 foram mulheres, ou 14% do total para um aumento de 134% em relação à 2009.

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O grande aumento no número de mulheres é certamente algo a ser comemorado e tem relação direta com a infraestrutura cicloviária. Afinal as mulheres tem uma lógica de “desejos de viagem” que é mais conservadora no que se refere à segurança e mais dinâmica em em relação ao número de viagens.

O workshop segue amanhã com a missão de aumentar o conhecimento dos participantes sobre a promoção ao uso da bicicleta e discutir o que foi aprendido na prática durante as 12 horas de contagem em Copacabana.

Confira o relatório completo da segunda contagem de ciclistas da Figueiredo de Magalhães.

Bicicletário Cultural colaborativo

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Bicicletário do Teatro Vila Velha em Salvador.
Foto: Pablo Vieira Florentino

Cidade que optou pela solução moçárabe de construir-se sobre cumeadas artificiais, como nos lembra o grande geógrafo Milton Santos, Salvador é marcada por suas praças em belvedere, sempre debruçadas do alto dos morros ora com vista para o mar, ora para os vales. Dentre estas, apenas uma funciona como pequeno parque de bairro: o Passeio Público de Salvador.

Construído dentro do paradigma da reforma neoclássico-iluminista e da expansão urbana sob o vice-reinado do Marquês de Pombal, o Passeio Público abriga em uma de suas entradas o Palácio da Aclamação, hoje um museu estadual. Dentro dele já se localizou a Galeria Oxumaré, berço do modernismo na Bahia, e hoje fica o lendário Teatro Vila Velha – complexo cultural com dois placos, quatro salas de ensaio, três grupos residentes (entre os quais o Núcleo Vila Dança e o Bando de Teatro Olodum), e que sedia diversos eventos internacionais. Do Velho Vila surgiram nomes como Glauber Rocha, lá estreou Gal Costa, e a frente dele está há décadas o hoje ex-Secretário Estadual de Cultura Marcio Meirelles.

Recentemente, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC) resolveu erradicar as vagas de estacionamento para automóveis que equivocadamente se encontravam dentro da área do parque. Aproveitando esse fato, e aliado a enorme expansão do uso de bicicleta por freqüentadores e funcionários do Teatro Vila Velha, o Coletivo Mobicidade e a Associação Psicólogos do Trânsito e Mobilidade Humana (PATRAMH) resolveram fazer algo a respeito (veja mais sobre a ação).

No entorno do Passeio Público, dia 18 de janeiro à noite (horário de pico de demanda para o teatro), foi realizada a primeira contagem fotográfica de usuários de bicicleta, seguindo a metodologia desenvolvida pela Transporte Ativo; e no dia seguinte, 19, sábado pela manhã, fez-se um mutirão para instalar um bicicletário de seis vagas no local. Em contrapartida, o Teatro Vila Velha tem estabelecido preços promocionais nos ingressos de suas atividades para aqueles que o frequentarem de bicicleta.

A localização do bicicletário é estratégica, não só por ser perto da entrada de serviço do teatro e da rampa de acesso a sua bilheteria, mas também porque libera a visualidade do totem do teatro e a usabilidade do sofá de concreto que pode ser visto na foto. Antes vedado pela presença de automóveis, esta área tem sido sempre freqüentada por grupos de pedestres que se sentam e conversam animadamente, como numa sala de estar, uma vaga-viva permanente.

Mais ainda, é sempre bom lembrar que sendo o Passeio Público uma das entradas para o Circuito Osmar do Carnaval (Avenida Sete de Setembro e Campo Grande), quem quiser pode ir pedalando e guardar a bicicleta dentro dele.

Nota, o post é de autoria do Lucas Jerzy Portela d’O Último Baile dos Guermantes.

As bicicletas do centro do Rio

Os números e locais das contagens no centro do Rio

Foram cinco contagens realizadas no centro do Rio de Janeiro para o projeto das ciclorrotas. Os números foram consolidados e comparados no relatório final.

Fizemos um comparativo entre as contagens, com dados e características mais marcantes de cada trecho, assim como uma apresentação dos resultados consolidados. Este estudo busca mostrar o elevado número de ciclistas já existentes na região e a necessidade de se adequar
as vias locais para otimização do uso deste modal já tão utilizado em nossa cidade.

Cabem alguns destaques:

Apenas 4% (122) de mulheres, em 3186 ciclistas

Grande número de viagens são entregas:

41% do total geral, 1304 ciclistas,  sendo destas 56.4% ou 736, triciclos.

Confira o relatório completo das contagens fotográficas do Centro do Rio de Janeiro.

Faça o download do relatório completo das contagens do Centro do Rio. Confira os demais relatórios.

O trânsito seguro de bicicletas

Bicicletas são veículos seguros por excelência capazes de manter velocidade graças ao esforço físico de seu condutor. Sendo essa dependência do ciclista seu maior trunfo.

É no entanto bastante comum ouvir comentários e dúvidas daqueles que por ventura ainda não pedalam quanto a segurança de se conduzir um bicicleta nas cidades. É uma pergunta difícil, que gera embaraço aos mais desatentos mas cuja resposta pode ser repetida com o mantra em relação a segurança intrínseca da bicicleta: sua limitação de velocidade de acordo com a capacidade do condutor.

Ainda assim, a segurança da bicicleta por si só, perde evidência em cidades com ruas e avenidas tomadas por veículos motorizados e altos níveis de estresse. O problema então deixa de ser a bicicleta e passa a ser o uso das ruas.

Nascida no século XIX, a bicicleta chegou ao século XXI firme, forte e capaz de desempenhar um papel que ficou esquecido em muitas cidades ao redor do mundo. O melhor meio de transporte em curtas distâncias e máquina mais eficiente jamais produzida pelo homem para a conversão de força muscular em movimento.

Para que o potencial da bicicleta seja devidamente compreendido e exercido, é preciso permitir que seus usuários desfrutem da segurança natural do veículo e essa segurança se constrói com intervenções diretas na pacificação da circulação urbana.

A lógica da velocidade motorizada em largas avenidas é um retumbante fracasso, tendo a degradação urbana e a inviabilização da circulação humana como consequências diretas. Discutir segurança dentro desse cenário tem de passar pelo debate e promoção de rotas seguras para deslocamentos humanos.

Nas cidades do século XX, foi introduzido um elemento novo, o automóvel. Para que ele pudesse circular em segurança, foi preciso confinar os pedestres nas calçadas e retirar todas as interferências das ruas. Nosso tempo é de reversão do uso do espaço urbano em favor das pessoas, e o caminho passa pela mudança do discurso em relação ao uso da bicicleta.